O Criacionismo nas Escolas



Como prometi em uma postagem anterior, vou escrever o que penso a respeito do ensino do Criacionismo nas escolas. Esse tema surgiu, devido ao vídeo que está circulando na internet, no qual a ministra Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, afirma que a Igreja evangélica perdeu espaço quando deixou a Teoria da Evolução entrar nas escolas. Claro que esta declaração causou um alvoroço, e choveram críticas! Eu já escrevi o que penso sobre a repercussão deste vídeo.

Nesta postagem, quero analisar a frase dita pela ministra. Vale lembrar, que a frase foi dita durante uma conferência teológica, no ano de 2013, não foi dita no âmbito do ministério nem se trata de política de governo. Pra começar, acho essa briga entre Ciência e Igreja um desperdício de tempo e inteligência! Isso porque, muitos críticos ignoram que o avanço científico teve um grande salto justamente após a Reforma Protestante de 1517. Até então, qualquer tese científica que fosse contrária aos dogmas religiosos e bíblicos, poderia ser taxada de heresia e levar o seu autor a ser queimado nas fogueiras pelos tribunais da Santa Inquisição da Igreja Católica. A partir da Reforma, os cientistas dos países que adotaram o posicionamento protestante, passaram a ter liberdade para pensar, pesquisar e propor novas teorias para explicar os fenômenos naturais. Muitos dos grandes e reconhecidos cientistas daquela época (tais como Johannes Kepler, Nicolau Copérnico, Isaac Newton, entre outros) eram declaradamente cristãos, o que mostra que não havia então essa briga entre Ciência e Religião.

Ao meu ver, a Ciência e a Religião não são duas formas de pensar antagônicas, que portanto não podem caminhar juntas, mas sim, duas formas distintas de se enxergar o mundo. Eu acredito que uma não anula a outra, pelo contrário, acho que uma complementa a outra, já que há descobertas científicas com implicações religiosas e aspectos religiosos que não podem ser abordados cientificamente. Por isso penso que o verdadeiro retrocesso vem daqueles cientistas que tentam ridicularizar a fé e daqueles religiosos que desprezam o conhecimento científico.

O ponto que quero defender aqui é que não acho que se deva omitir informações aos estudantes. Em outras palavras, quando a escola for ensinar sobre a origem da vida e do universo, acho que devem ser apresentadas todas as propostas que procuram explicar essa origem. Hoje, as escolas ensinam a Teoria da Evolução como se fosse uma verdade absoluta, omitindo o fato de que se trata (como o próprio nome diz), de uma teoria, ou seja, é uma proposta que tenta explicar como a vida teria surgido. A própria ciência não a vê como a única explicação, até porque a Teoria da Evolução contradiz a Lei da Biogênese, lei científica, atribuída a Louis Pasteur, que determina que vida só pode ser gerada por outra forma de vida. A vida, segundo esta Lei, não poderia ter surgido espontaneamente e evoluído como explicado pela Teoria da Evolução.

Mas não quero debater contra a Teoria da Evolução, não é o objetivo desta postagem. Quero reforçar que acho que seria mais saudável ao conhecimento se todas as propostas fossem apresentadas para conhecimento dos alunos. Não vejo problema em dizer em uma sala de aula que, além da Teoria da Evolução, existem outras idéias que procuram explicar a origem da vida e do universo, como o Criacionismo. E antes que pensem que quero ensinar Bíblia nas escolas (o que não seria má ideia), estou defendendo que o Criacionismo seja mencionado, ao lado da Teoria da Evolução, como uma das explicações existentes para o dilema da criação.

Quero deixar claro, pois sei que muitos desconhecem isto, que existem três correntes criacionistas: o Criacionismo Científico (Sim, a Ciência também crê na possibilidade de tudo ter sido criado propositalmente), que busca explicar através de ideias como a Teoria do Design Inteligente, que o universo e a vida não poderiam ter surgido de forma espontânea, pois o design presente na natureza aponta para uma inteligência criadora, embora não tenha como objetivo determinar quem seria este criador. Há também o Criacionismo Religioso, que engloba todos os mitos a respeito da criação presentes em todas as religiões e culturas, antigas e atuais, que mostram como e porquê tudo foi criado. E, finalmente, há o Criacionismo Bíblico, que apregoa que há um Deus e este Deus é o criador do universo e do ser humano.

Da mesma forma que explanei aqui as ideias que tentam explicar nossas origens, defendo que os alunos nas escolas tenham acesso a todas estas informações. Não acho assim tão difícil ensinar isto nas escolas. As mentes das nossas crianças precisam ser preparadas, desde cedo, para pensar e  encarar diferentes possibilidades e alternativas, para que possam aprender a fazer escolhas e tomar decisões. O Estado não deixará de ser laico por isto, tampouco a Ciência deixará de ser Ciência e a Religião deixará de ser Religião. Apenas passarão a fazer parte, tudo junto, dos indivíduos, que aprenderão o valor de cada uma e a respeitar diferentes pontos de vista sobre um mesmo tema!

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