A demissão de Sérgio Moro

Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública

Meus amigos, nem preciso dizer que o dia foi difícil! Como estou no Japão, acabei passando a madrugada em claro, para acompanhar os desdobramentos do pedido de demissão do agora ex-ministro Sérgio Moro. Quando soube que ele faria um pronunciamento, diante das informações que eu tinha, acreditava que seria algo para desmentir as notícias que corriam falando de mais uma crise entre ele e o presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, porém, não era boato ou fake news! Era verdade: Moro estava pedindo demissão! Mas não ficou por aí, já que além de anunciar a sua saída, Moro resolveu atacar de forma impensável o presidente Jair Bolsonaro!

Claro que o país pegou fogo com esta notícia! E a grande causa do alvoroço, é a conhecida popularidade de Sérgio Moro, resultado de sua atuação como juiz na 13ª Vara Federal em Curitiba, onde esteve à frente dos julgamentos envolvendo os processos investigados pela Operação Lava Jato. Ninguém em sã consciência ousa contestar a atuação brilhante de Moro, cujas decisões foram, em sua maioria, confirmadas em instâncias superiores, para o desespero dos bandidos. Claro que também não contesto o trabalho executado por ele e o admirei muito por isso. Mas infelizmente muitas pessoas o colocaram em um pedestal, como se ele fosse santo, perfeito e intocável. E muitas pessoas afirmavam categoricamente que só apoiavam Bolsonaro por causa da presença de Moro no governo. Esse tipo de atitude não poderia nunca ser considerada sadia! Altas expectativas acabam provocando grandes decepções!

É sempre importante lembrar que o presidente Bolsonaro não precisou do apoio de Moro para se eleger. Mas a presença de Sérgio Moro no ministério passava uma imagem de governo íntegro e que colocava o combate à corrupção como uma das suas prioridades. Moro, ao lado de Paulo Guedes, se tornou um dos pilares de sustentação do governo Bolsonaro, e a sua saída provocou um abalo considerável no governo, e na sua principal força, que é o apoio popular. Espera-se um racha na base de apoio popular do presidente, com a debandada dos lava-jatistas, embora ainda não seja possível saber qual o tamanho desta rachadura!

Eu me senti extremamente decepcionado, não com a decisão de Moro de deixar o governo, mas com a forma como ele fez isso! Primeiro, porque escolheu um momento péssimo para isso, o que mostra que Moro não levou em consideração as dificuldades atuais do país ao tomar a sua decisão. Como homem público, deveria ter tido mais consideração para com as pessoas que tanto o admiram e respeitam. Também deveria ter sido mais leal ao presidente, pois a maneira como expôs suas acusações contra Bolsonaro, colocando-se num papel de vítima, foi desonroso e foi uma forma indigna de agir, que não corresponde em nada com a imagem ilibada que sempre procurou transmitir.

Moro falou em falta de lealdade da parte do presidente, mas em inúmeras situações o ex-ministro adotou posições contrárias às defendidas pelo governo do qual fazia parte, como no caso envolvendo os decretos de porte e posse de armas, como foi citado pelo próprio presidente. Muitas das boas propostas de Moro, como o Pacote Anticrime, foram desidratadas, mas não por culpa do governo, mas por culpa do Congresso Nacional. Todos sabemos disso, pois acompanhamos de perto e até mesmo cobramos muito os parlamentares. Moro teve um bom desempenho em algumas questões, mas deixou a desejar em outras, como sua falta de posicionamento em relação ao abuso de autoridade cometido por autoridades policiais de todo o país.

Eu realmente não esperava que Moro fosse deixar o governo desta maneira. Foi decepcionante vê-lo agir de forma tão baixa, lembrando a maneira de agir de esquerdistas. Fico agora em dúvida, pois está claro que há mais motivos por trás disso tudo. Sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública não ocorreu apenas pelos motivos apresentados. A postura de Moro mostra que, apesar de sempre ter negado, ele se tornou um político. Mesmo que não dispute eleições (o que duvido), seu modo de agir é típico de quem está marcando território político. Quais são suas verdadeiras pretensões? Só o tempo dirá!

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