Bolsonaro e o Holocausto

Presidente Jair Bolsonaro, durante encontro com
líderes evangélicos, no Rio de Janeiro

O presidente Jair Bolsonaro causou nova polêmica internacional com suas declarações. Durante um encontro com pastores e líderes evangélicos, no Rio de Janeiro, na noite de quinta-feira 11 de Abril, o presidente falava de sua recente viagem à Israel e sobre a sua visita ao Memorial do Holocausto Yad Vashem, quando disse que "Podemos perdoar. Mas não podemos esquecer", se referindo à morte de seis milhões de judeus assassinados pelo regime nazista. Bolsonaro já havia causado uma controvérsia, sobre o Nazismo, justamente enquanto visitava o Memorial em Israel, ao dizer que concordava com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que tinha dito que o Nazismo era um movimento de Esquerda.

O comentário feito nesta quinta-feira, provocou a manifestação do presidente de Israel Reuven Rivlin, que publicou em sua conta no Twitter: "Nunca vamos perdoar e nunca vamos esquecer", não citando nominalmente o presidente Bolsonaro, mas claramente se referindo a sua declaração. O presidente israelense completou: "Os líderes políticos são responsáveis por moldar o futuro. Historiadores descrevem o passado e pesquisam o que aconteceu. Nenhum deve entrar no território do outro".

Reuven Rivlin
Presidente de Israel

O Memorial do Holocausto Yad Vashem, que foi visitado por Bolsonaro, e que define o Nazismo como movimento oriundo de grupos de extrema-direita, também se manifestou a respeito da declaração de Bolsonaro, afirmando:  "Não concordamos com a declaração do presidente brasileiro de que o Holocausto pode ser perdoado".

É um assunto muito delicado, que mexe com os mais profundos sentimentos de todo um povo. Por isso mesmo, deve ser tratado com extremo cuidado. Já escrevi antes, todo assunto que se refere a outros países está dentro da esfera diplomática, e tudo na área diplomática deve ser feito com cuidado, cada gesto, cada palavra, precisam ser antecipadamente pensados, pois podem causar mal-estar diplomático, como neste caso, ou ser interpretado de formas diversas por outros países. O presidente Bolsonaro também precisa se lembrar que hoje, as redes sociais que tanto o auxiliam, são as mesmas que propagam todo tipo de informação, e o fato de estar em um ambiente fechado, falando a um público restrito, não o afasta da possibilidade de ter as suas falas divulgadas. Sempre que ele se pronuncia, é o Presidente da República falando, não um cidadão comum, e suas palavras têm peso. Ele precisa tomar cuidado com a tentação de dizer palavras para agradar a um grupo específico. Ele fala por todos os brasileiros. Inclusive os brasileiros de origem judaica.

Eu sou evangélico e entendo o que o presidente quis dizer. Para os cristãos, o ato de perdoar é um ato sublime! Mas não podemos esperar que todos entendam isto! Nós cristãos somos incentivados a perdoar, embora muitas vezes fracassemos nesta empreitada. A própria Bíblia registra os ensinamentos de Jesus acerca do perdão, e não podemos nos esquecer de Seu exemplo, ao perdoar àqueles que O crucificaram. Deste ponto de vista, é fácil entender o que o presidente tentou passar em sua fala, fala esta que era dirigida a pastores, portanto pessoas capazes de reconhecer o valor do que o presidente dizia. Porém, como presidente, Bolsonaro deve se lembrar que o que fala tem consequências e não fica restrita a um público, e que às vezes é melhor não dizer o que se pensa, por melhor que o pensamento possa parecer. Lembremo-nos dos ensinamentos do Apóstolo Paulo, que em sua primeira carta aos Coríntios, no capítulo 8, entre outras coisas, nos ensina que, se o que formos fazer gerar escândalo em nosso irmão, devemos nos abster de fazê-lo! Fica a dica!

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