A questão da articulação política

Deputado Rodrigo Maia, Presidente da Câmara dos Deputados

A articulação política necessária para a aprovação da Proposta de Reforma da Previdência Social, na Câmara dos Deputados, continua a ser um problema cuja solução não parece estar a caminho. Nesta segunda-feira 8 de Abril, durante o evento "E agora, Brasil?", promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, afirmou que não fará mais a articulação política para a aprovação da Reforma da Previdência. Maia alega que, devido às trocas de farpas com o presidente Jair Bolsonaro, hoje já não tem as mesmas condições que tinha antes, para ser um articulador da reforma da previdência. Ele também diz que se resignou ao seu papel institucional e que estará preparado para pautar a proposta quando chegar a hora. Ao ser questionado sobre se o governo vai conseguir ganhar a votação, Rodrigo Maia respondeu que a pergunta deveria ser feita ao Onyx Lorenzoni, Ministro Chefe da Casa Civil. Vale lembrar aqui que Rodrigo Maia não tem a obrigação de trabalhar no convencimento de parlamentares para conquistar votos. O principal articulador do governo deveria ser o Ministro Chefe da Casa Civil Onyx Lorenzoni, mas ultimamente não tenho lido nem ouvido nada a respeito dele, até tinha me esquecido dele, pensei que tinha ficado lá na Antártida!

Participando do mesmo evento, o Ministro da Economia Paulo Guedes também falou a respeito de articulação política, afirmando não ter a pretensão de ser o coordenador político da reforma da previdência. Guedes lembrou aos presentes seu desempenho na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, dizendo que não tem "temperamento para isso". Como ministro, Paulo Guedes é membro do Poder Executivo, e o seu papel, além de elaborar a proposta, é esclarecer possíveis dúvidas dos parlamentares. Articular politicamente não é atribuição sua.

Por se tratar de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional), são necessários os votos de 3/5 (60%) de todos os deputados e todos os senadores, ou seja, 308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos no Senado Federal, em duas votações em cada Casa. Só para comparação, em uma votação comum, basta o voto da maioria dos parlamentares presentes para se conseguir a aprovação. Isto nos dá uma ideia da dificuldade que o governo enfrenta, e do problema gerado pela incompetência dos governistas em angariar votos junto aos parlamentares.

O governo precisa se mexer e levar a sério a conquista de votos para aprovar a sua principal proposta. Quanto mais o tempo passa, mais difícil será. Já estamos presenciando o trabalho ardiloso dos partidos de Esquerda, que trabalharão pesado para melar a aprovação da reforma. O presidente e os demais políticos governistas precisam agir e rápido!

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