Eduardo Bolsonaro é o novo líder do PSL na Câmara

Deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP)

Depois do furacão que atingiu Brasília, das idas e vindas e das várias listas pró e contra, o deputado federal Eduardo Bolsonaro foi anunciado como o novo líder do Partido Social Liberal (PSL) na Câmara dos Deputados, em substituição ao deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO). Embora esta definição resolva o problema envolvendo a liderança partidária, ela não amenizou o racha que dividiu o partido em dois grupos distintos: o que apoia o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), de um lado e do outro o grupo que apoia o deputado Eduardo Bolsonaro e o presidente Jair Bolsonaro.

Muita gente não entende direito a importância do cargo de líder, e chega até a ser um pouco confuso, devido às diversas lideranças diferentes que existem no Congresso. Pra ficar mais fácil de entender, vou explicar de forma bem simplificada:
  1. Líder do Governo no Congresso: é escolhido pelo presidente da república entre os membros dos partidos da base de apoio, e atua junto aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, de forma a viabilizar a pauta e a votação de projetos de interesse do governo;
  2. Líder do Governo na Câmara: também é escolhido pelo presidente da república entre os membros dos partidos da base de apoio, atua na Câmara dos Deputados na orientação dos deputados que formam a base do governo, trabalhando para obter votos favoráveis às medidas de interesse do governo;
  3. Líder do Governo no Senado: também é escolhido pelo presidente da república, e tem a mesma função do líder do governo na Câmara, mas atua junto aos senadores que formam a base do governo no Senado;
  4. Líder de Partido: cada partido escolhe entre os membros de suas bancadas na Câmara e no Senado uma pessoa para a função de líder, que trabalhará na orientação dos membros do partido quanto às votações que ocorrem, tanto na Câmara, como no Senado, sendo que cada partido possui um líder em cada Casa legislativa;
Eu já considerava o deputado Delegado Waldir um líder inepto, pois em várias ocasiões ele não soube orientar a bancada, causando problemas para o governo. Em momentos cruciais, como a votação da Lei de Abuso de Autoridade, não agiu para impedir a votação nem para orientar a bancada para que votasse contra, com o partido votando rachado. Waldir também não tomou nenhuma atitude, quando o deputado Rodrigo Maia atropelou o regimento e não atendeu o pedido de outros líderes partidários que pediam que a votação fosse aberta e nominal. No episódio mais recente, o deputado obstruiu a votação de uma medida provisória de interesse do governo, colocando o PSL ao lado de partidos de esquerda como PT e PSOL. Já estava demorando muito para que o partido o substituísse.

Se eu estivesse no lugar do Delegado Waldir, eu teria renunciado à liderança quando surgiu a primeira lista com assinaturas pedindo a substituição. Por que eu acredito que a liderança não é algo que deve ser imposta. Ele foi escolhido em votação, porque a maioria dos membros do partido confiaram nele para o exercício da função. O que lhe dá a legitimidade de atuação, mais que o número de votos, é a confiança que recebeu de seus pares. Quando esta confiança acabou, a sua legitimidade como líder também acabou, por mais que ainda tivesse um mandato como líder. Ele não deveria lutar para permanecer no poder. Poderia ter evitado o racha no partido se tivesse humildade para reconhecer que fracassou em sua missão como líder e se não tivesse permitido que sua ganância pelo poder falasse mais alto. Mas foi bom que agiu daquela maneira, pois permitiu que cada um mostrasse a sua verdadeira face.

Eu vejo com bons olhos a vitória de Eduardo Bolsonaro para a liderança do partido. Eu acredito que ele, como deputado eleito mais votado do Brasil, deve atuar de forma mais firme na Câmara dos Deputados. Como membro do parlamento, ser líder do partido é algo natural, é uma possibilidade que não pode ser contestada, pois o seu mandato obtido através da votação popular, lhe dá total legitimidade para exercer tal função. O fato de ser filho do presidente não o impede de exercer a atividade parlamentar. E tenho a certeza que todos os seus eleitores votaram pensando em garantir que o governo tivesse um grande defensor de seus projetos na Câmara. Eu acho muito melhor que o deputado Eduardo Bolsonaro atue como líder do partido na Câmara, do que como embaixador do Brasil junto aos Estados Unidos, função para a qual ele não está preparado e que embora não seja ilegal, eu considero imoral, pelo fato dele ser filho do presidente da república. Escrevi o que penso da indicação dele para a embaixada americana neste artigo. Já a atuação dele na Câmara é totalmente legítima, e ao meu ver, muito necessária.

Acredito que o deputado Eduardo Bolsonaro deve priorizar o trabalho na Câmara dos Deputados, buscando convencer os demais parlamentares para que os projetos do governo consigam o apoio necessário para a aprovação. Acho que o governo deve esquecer a indicação de Eduardo para a embaixada em Washington, e já há rumores que outros nomes estão sendo cogitados para a função, o que será bom para todos.

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