O Programa de Escolas Cívico-Militares do governo Bolsonaro

Cerimônia de lançamento do Programa de Escolas
Cívico-Militares realizada no Palácio do Planalto

No dia 5 de Setembro, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, foi realizado o lançamento do Programa de Escolas Cívico-Militares pelo governo do presidente Jair Bolsonaro. Este programa, de adesão voluntária por parte de estados e municípios, tem o objetivo de implantar escolas cuja gestão será compartilhada entre educadores e militares. Segundo divulgado pelo Ministério da Educação, terão prioridade de ingresso no programa as escolas cujos estudantes estejam em situação de vulnerabilidade social e que tenham o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (IDEB) abaixo da média do estado. A implantação de escolas cívico-militares é uma das promessas de campanha do presidente Bolsonaro.

Para poder ingressar no programa, as escolas deverão contar com o apoio de professores, pais e alunos, que serão consultados antes da implementação. Além disso, as escolas precisam atender alguns requisitos, tais como possuir entre 500 e 1000 alunos matriculados no Ensino Fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) ou no ensino médio.

Na primeira etapa, onde os estados puderam decidir aderir ou não ao programa, 16 estados e o Distrito Federal manifestaram a intensão de ingresso. Todos os estados das regiões sul, centro-oeste e norte, além de São Paulo, Minas Gerais e Ceará, aderiram ao programa, que pretende implantar 54 escolas em 2020, com investimentos de R$ 1 milhão por unidade, aumentando este número até que haja 216 unidades cívico-militares nos 26 estados da federação em 2023.

Na segunda etapa, de 4 a 11 de outubro, os municípios terão a chance de aderir ao programa, mesmo aqueles situados em estados que não aderiram.

O programa prevê três áreas principais como foco das ações cívico-militares:
  1.  Educacional: visará fortalecer nos alunos os valores humanos, éticos e morais e incentivar a sua formação integral e desenvolver o senso de pertencimento;
  2. Didático-Pedagógico: preveem atividades de supervisão escolar e psicopedagógica para melhorar o processo de ensino e aprendizagem;
  3. Administrativa: preveem ações para melhorar a organização e a infraestrutura das escolas, buscando o melhor aproveitamento da estrutura física disponível bem como o seu aperfeiçoamento;
Toda a parte pedagógica e didática ficará a cargo dos educadores, cabendo aos militares o trabalho administrativo e de gestão disciplinar. O Ministério da Defesa deverá recrutar militares da reserva para atuarem nas escolas, após passar por processo seletivo e treinamento. Os estados também poderão utilizar os policiais e bombeiros militares para trabalhar nas escolas.

Prevê-se que os alunos das escolas que aderirem ao programa sejam submetidos a regras rígidas de disciplina, como a observância de horários, incluindo regras para cortes de cabelo e o uso de uniformes.

Exemplo de escola cívico-militar

Eu sou totalmente favorável a implantação deste programa. Na verdade, se dependesse de mim todas as escolas adotariam este programa! A disciplina nas escolas é muito importante, tanto para que o aprendizado seja efetivo, como para que ocorra a formação do caráter do aluno. Infelizmente vemos que a maioria das escolas atuais já não conseguem manter a disciplina de seus alunos, fazendo com que o aproveitamento das aulas seja prejudicado, e o resultado seja pessoas saindo das escolas sem estar com o mínimo de preparo para entrar no mercado de trabalho ou para escolher uma área de graduação. A falta de disciplina leva a casos inacreditáveis de depredação do patrimônio escolar e violência entre os alunos e contra os professores. Isso era impensável no meu tempo de estudante!

Aqui no Japão, embora as escolas não tenham a presença de militares, a questão da disciplina é observada desde o jardim de infância. Meus filhos frequentam a escola japonesa desde a creche, estando hoje cursando o que seria o equivalente ao ensino médio brasileiro. Pude acompanhar o desenvolvimento intelectual proporcionado pelo modelo educacional japonês e posso dizer que funciona bem. As regras de horários são rígidas. Quanto ao uso de uniformes também. As crianças não podem levar celulares para a escola.  Estudam em tempo integral, fazendo suas refeições na escola e são proibidas de levar lanches ou outros alimentos de casa.

Todos os alunos, mesmo os menores, participam da limpeza da sala de aula, dos corredores e banheiros, em sistema de mutirão. Na hora da refeição, não existem refeitórios nas escolas, as crianças comem na própria sala de aula, e são elas que servem a merenda aos companheiros, num sistema de rodízio, havendo um calendário pré-definido. Tudo feito sob supervisão dos professores.

Alunos fazendo a limpeza de sala de aula em escola japonesa

Alunos fazendo a limpeza da sala de aula em uma escola japonesa

Alunos servindo as refeições aos colegas, em escola japonesa

Alunos limpando o banheiro em uma escola japonesa


Eu testemunhei muitos pais estrangeiros que tiveram dificuldades em aceitar esta forma de funcionamento das escolas japonesas, dizendo que são rígidos demais. Cheguei a testemunhar pais brasileiros que não admitiam que seus filhos cuidassem da limpeza da escola, agindo como se isso fosse um trabalho inferior, querendo que tivesse algum servente para cuidar da tarefa. Dá pra entender porque os dois países são tão diferentes né? Pode parecer um sistema rígido, mas aqui você não vê escolas depredadas ou sujas. E esse senso de cuidar do bem comum acaba contribuindo para manter um bom ambiente também fora da escola.

Eu e minha filha, no dia da Cerimônia de Formatura
do curso primário


Enfim, disciplina e um bom currículo somado a uma boa infraestrutura e professores capacitados e motivados farão uma verdadeira revolução na nossa Educação. É disso que o Brasil mais precisa: Educação e Conhecimento, para construirmos o amanhã da nossa nação sem as amarras ideológicas que nos aprisionaram no passado!

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