¡Lloro por ti, Argentina!

Cristina Kirchner e Alberto Fernández

Com a divulgação do resultado oficial das eleições argentinas, a notícia da vitória da chapa peronista de centro-esquerda formada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner trouxe tristeza ao meu coração. Eu tinha a esperança de um segundo turno. Ver a esquerda voltar ao poder, não deveria ser motivo de alegria em nenhum lugar do mundo. Isto porque conhecemos bem os resultados das medidas que os governos esquerdistas insistem em adotar e sempre com os mesmos resultados: pobreza para o povo, riqueza para os dirigentes políticos, repressão para quem discorda. Todos nós, que compartilhamos os valores da Direita, acreditávamos que uma onde de limpeza ideológica estava em curso, varrendo a esquerda do poder. A vitória de Jair Bolsonaro foi emblemática neste cenário de mudança política. Parece que as coisas não são bem assim!

Mas não dá para condenar os argentinos por sua escolha. Na verdade, a Argentina ilustra bem o que o Brasil poderia se tornar se a esquerda permanecesse no poder, doutrinando as pessoas. Uma das maneiras que a esquerda usa para conseguir o apoio da população é torná-las dependentes de benefícios estatais, inculcando nas pessoas a mentalidade que reforça a ideia de que o Estado deve prover e cuidar do bem-estar das pessoas. O problema é que ao mesmo tempo que a dependência estatal é arraigada nas pessoas, o Estado tende a aumentar muito de tamanho, para ter condições de prover tudo aquilo que promete aos cidadãos. E aqueles que geram a riqueza que mantém o Estado funcionando, os empreendedores e empresários,  são tratados como inimigos e causadores da miséria do povo. Por estes motivos, as medidas econômicas de esquerda funcionam no início dando a falsa sensação de que tudo melhorará, mas isto só dura enquanto há dinheiro. Como aqueles que geram a riqueza acabam sendo prejudicados, a riqueza vai diminuindo, chegando ao ponto que o Estado hipertrofiado tem mais obrigações do que recursos, num círculo vicioso. É neste estágio que a Argentina está hoje, e num caso mais extremo, a Venezuela.

A Argentina se encontra em grave crise econômica, e o fracasso de Maurício Macri em reverter a crise, que causou uma queda de 2,5% no PIB em 2018, com previsão de queda de 2,6% em 2019, é a causa da sua derrota. Hoje, cerca de 35% da população argentina vive na pobreza e 7,7% das pessoas vivem em estado de indigência. Com o desemprego em 10%, inflação beirando os 50%, taxa de juros de 40% ao ano, moeda desvalorizada, baixas reservas cambiais e alta dívida externa, o desafio de colocar o país nos eixos parece quase impossível de se vencer.

A pergunta que fica é: por que os argentinos resolveram colocar novamente no poder o grupo político que causou tudo isto? A resposta é: a maioria dos argentinos não conhece outra forma de governo. A Argentina convive com o peronismo populista há quase sete décadas! Muitas pessoas já nasceram sob governos peronistas, tem muito arraigado os valores peronistas. E diante da crise e da pobreza que enfrentam hoje, é natural para eles esperar que o Estado resolva os seus problemas, e parecem não se importar de que maneira o governo fará isto, não se importam se o governo tem ou não recursos, se precisará pedir grana emprestada, se precisará vender reservas internacionais para manter o cambio! O importante é que o Estado forneça os benefícios sociais prometidos, que mantenha o status quo, o custo das medidas para o país não parece importar.

O Brasil só não seguiu por este caminho, porque a esquerda não teve tempo de doutrinar toda a população. Mas o resultado das eleições de 2018 no Brasil mostram que quase metade da população já estava disposta a manter o nefasto esquerdismo no poder. Por isso, acredito que o Brasil deve observar com atenção os desdobramentos das eleições argentinas e se esforçar para que nunca mais a esquerda volte ao poder em nosso país.

Uma coisa todos nós temos que aprender com os argentinos: o presidente sozinho não faz nada! De nada adianta o presidente ter um plano de governo perfeito, se a população não estiver disposta a apoiá-lo, a fazer a sua parte e ter a sua cota de sacrifício. Foi o que ocorreu na Argentina. No ano passado, por exemplo, o FMI concedeu uma linha de crédito de US$ 53 bilhões em três anos, com a contrapartida que o governo faria um rígido ajuste econômico. Mas a população não apoiou o presidente e nem as medidas, causando a sua derrota nas eleições presidenciais de ontem, embora quisessem os benefícios que este dinheiro pagaria.

Mais que planos econômicos, ou planos de governo, o sucesso ou fracasso de um país será determinado pela mentalidade de seu povo. Quanto mais individualista for a mentalidade do povo, mais difícil será a promoção de mudanças. Mas não devemos condenar as pessoas, pois sabemos bem que quem está passando fome, quem tem filhos para sustentar e está desempregado e sem perspectivas, não consegue pensar em outra coisa, a não ser em resolver os seus problemas mais imediatos. É difícil pedir para que estas pessoas suportem sacrifícios adicionais. O segredo é impedir que a maioria da população empobreça, ao ponto do Estado não ter condições de ajudar a todos.

Não sou contra benefícios estatais, mas deve ser algo a ser usado em situações excepcionais. Em situações normais o Estado deve permitir que os cidadãos trabalhem, empreendam, estudem e cresçam por mérito próprio, gerando riqueza para si e para a sociedade. Um país rico é formado por cidadãos ricos! Nenhum país enriquece de verdade mantendo seus cidadãos na miséria intelectual e material.

Agora só nos resta assistir os próximos capítulos da história argentina, e trabalhar para que o mesmo destino não venha se abater sobre o Brasil. Melhor aprender com os erros alheios!


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