Aos meus queridos professores


“Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro”
Dom Pedro II

Eu estudei em escola pública até o final do antigo segundo grau, hoje chamado de ensino médio. Só estudei em instituição privada, quando ingressei na Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCCAMP, para cursar Ciências Contábeis, em 1992. Relembrando a minha infância e adolescência passadas na escola pública, posso perceber com facilidade o quanto tive sorte! Felizmente meus professores, que em sua maioria  já eram veteranos do magistério, eram todos da velha guarda, apaixonados pelo magistério, pelo ensino e sempre colocavam os alunos em primeiro lugar.

No meu tempo não havia doutrinação política dentro da sala de aula. Eu cheguei a fazer parte do grêmio estudantil (isto ainda existe?), quando já estava no segundo grau, e pude perceber a ingerência de partidos políticos de esquerda no trabalho do grêmio, que aos poucos se transformou em um foco disseminador de doutrina esquerdista. Nunca fui esquerdista, já mencionei isto em várias oportunidades, e ao ver o grêmio estudantil se transformar em um escritório do PT, me afastei da política estudantil e nunca mais me envolvi neste assunto.

Mas recordo com satisfação de alguns episódios, que mostram o quanto me foi benéfica a educação sem doutrinação a que tive acesso. Quando eu estava no primeiro ano do colegial (ensino médio), uma amiga de classe pediu ajuda do grêmio estudantil para organizar uma palestra para que sua irmã, estudante de sociologia que tinha acabado de voltar de Cuba, pudesse nos contar como era a vida lá e como tinha sido a sua experiência em um país socialista. A palestra bombou, com muitos jovens presentes e interessados em saber mais sobre Cuba. Ela nos contou a sua experiência, pintando Cuba como um verdadeiro paraíso, numa clara tentativa de doutrinação, já que ela era petista e tinha ido a Cuba através do partido. O que ela não esperava foi a reação dos alunos! Choveram perguntas, questionamentos e críticas, muitas críticas! Ela claramente surpreendida, não conseguia responder aos questionamentos de alunos de 16 anos! Acuada, encerrou a palestra e saiu rapidinho da sala!

O fato de não sermos doutrinados, nos permitiu ter um senso crítico que a geração seguinte já não conseguiu ter. E isto é um mérito dos meus professores. Homens e mulheres dedicados ao ensino, que faziam esforços hercúleos em prol do desenvolvimento intelectual de seus alunos. A própria escola também era diferente. Havia disciplina, usávamos uniforme, toda semana tinha um dia em que todos os alunos eram reunidos na quadra de esportes para entoar o Hino Nacional e hastear a bandeira. E todo mundo brigava para ser o escolhido para hastear a bandeira! Eu nunca fui escolhido!

Na escola eu aprendi não só a entoar todos os hinos oficiais (Nacional, Independência, República e Bandeira), como aprendemos o seu significado, nas aulas de Língua Portuguesa. Foi nestas aulas também que tive o primeiro contato com os clássicos da literatura brasileira. Foi quando nasceu a minha paixão por livros! Felizmente todas as escolas nas quais estudei tinham boas bibliotecas!

Quando eu tinha apenas nove anos, a escola que eu estudava em Campinas, que fica ao lado do Teatro Castro Mendes, conseguiu uma apresentação para nós, e pude pela primeira vez assistir a uma peça de teatro! Assistimos a apresentação da peça Chapeuzinho Vermelho e depois desta, outras peças teatrais vieram, permitindo a mim e aos outros alunos ter acesso a cultura, o que provavelmente não teria acontecido se não fosse a iniciativa da escola!

Tive ótimos professores, em todas as disciplinas. Se hoje gosto de História, foi graças a minha professora, a Dona Neusa! Muito brava e rígida, mas apaixonada pelo assunto e por causa desse amor, nós também passamos a amar história. Me lembro quando nós encenamos uma peça de teatro sobre o Descobrimento do Brasil! Cada aluno fazia vários papéis, lembro que fiz o papel do rei português Dom Manuel I, o venturoso, e depois voltei como índio! Foram bons tempos!

Graças a estes excelentes professores, homens e mulheres que foram verdadeiros guerreiros da Educação, pude conhecer o Zoológico de São Paulo, o Instituto Butantã, o Museu do Ipiranga e o Museu Nacional no Rio de Janeiro. Na viagem ao Rio, além do Museu Nacional, nós conhecemos também vários pontos turísticos, como o Corcovado e o Pão de Açúcar, atravessamos a baía da Guanabara numa das barcas e voltamos de ônibus pela Ponte Rio-Niterói. Também fomos conhecer a eclusa da barragem de Barra Bonita, no interior de São Paulo. E os professores, junto com a direção da escola, é que corriam atrás de doações e patrocínio para estas viagens, que tanto acrescentaram à minha formação intelectual!

Neste dia 15 de Outubro de 2019, Dia do Professor, estou aqui compartilhando estas histórias como forma de homenagear e honrar os meus professores, e agradecê-los pelo esforço e dedicação ao ensino, que com certeza permitiram que várias pessoas tivessem acesso à Educação e Cultura de qualidade. Espero sinceramente, onde quer que estejam, que todos estejam orgulhosos do homem e do cidadão que me tornei, graças aos seus esforços. Eu, com certeza, tenho orgulho de ter sido aluno de todos eles!

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