Série: O país que eu quero! 3 - Economia


Continuando com a série de artigos intitulada "O país que eu quero!", tratarei agora dos meus anseios quanto a economia. Todos nós sabemos da importância das medidas econômicas na vida das pessoas, pois são medidas que afetam a todos diretamente e não é possível se esquivar de seus efeitos. Nós brasileiros já passamos por muita coisa na área econômica, e quem já tem uma certa idade, como eu, já testemunhou os efeitos da hiperinflação e os planos mirabolantes que foram aplicados na tentativa de debelá-la, o que resultou em pelo menos cinco moedas diferentes em menos de 10 anos! De 1986 a 1994, tivemos como moedas o Cruzado, Cruzado Novo, Cruzeiro, Cruzeiro Real e finalmente o Real.

Fui funcionário do antigo Banco Real de 1989 até 1994, e neste período presenciei como bancário, dois planos econômicos que me marcaram: os Planos Collor e Real. Mas destes dois planos, sem dúvida o que mais me marcou foi o Plano Collor, que no início de 1990 confiscou os depósitos bancários de grande parte da população. Naquela época eu estava para completar 16 anos e trabalhava há seis meses como estagiário no Banco Real, em Campinas, e fui destacado para auxiliar no atendimento aos clientes dado o volume imenso de pessoas que acorreram ao banco naquele dia. O desespero era o sentimento predominante, entre os correntistas e poupadores, e entre nós funcionários, que nos desdobrávamos para entender as mudanças e para esclarecer os clientes. Muitos se exaltavam, nos xingavam, choravam, foi um dia difícil. Eu até fui agredido por uma senhora, que diante do bloqueio do saldo da sua poupança, descontou sua raiva em mim, arrebentando seu guarda-chuva na minha cabeça!

O desespero e a preocupação não era restrito aos correntistas e poupadores, em casa nós também sofremos as consequências deste plano econômico onde o povo era um "detalhe", como foi dito pela então ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello. Foram as consequências dos sucessivos planos econômicos que me levaram a sair do Brasil em busca de oportunidades.

Por isso, o país que eu quero é um país onde os governos administram com seriedade as finanças públicas, gastando apenas aquilo que arrecadam, e gastando com sabedoria, combatendo-se toda forma de desperdício de dinheiro público.

O país que eu quero é um país onde o povo não seja apenas um "detalhe" em relação às políticas econômicas, mas que estas medidas sejam pensadas tendo o povo como fator preponderante. Nenhuma medida econômica séria pode ser bem sucedida se ignorar aqueles que efetivamente a colocarão em prática. É o povo quem vive na prática as medidas econômicas.

O país que eu quero, é um país onde todos os cidadãos tem iguais oportunidades de crescer e empreender. É um país onde o Estado tem a função de ser o guardião das relações entre os cidadãos e destes com as empresas e corporações. Na minha opinião, o Estado não deve intervir em contratos e acordos firmados entre as pessoas e entre as pessoas e as empresas. Acho que pessoas físicas e jurídicas devem ter a liberdade de firmar contratos de acordo com as suas necessidades, cabendo ao Estado apenas atuar quando houver má-fé de uma das partes ou o descumprimento do que foi acordado. É um país onde a burocracia não impede a abertura de novas empresas, nem trava os investimentos que fazem a economia girar e produzir riqueza e empregos.

No país que eu quero, o Estado atua apenas em funções como Saúde, Educação, Segurança Pública e Relações Exteriores, deixando todas as demais áreas aos cuidados da iniciativa privada, cabendo ao Estado o papel de árbitro e de monitoramento das atividades econômicas e sociais.

O país que eu quero é um país onde o Estado é enxuto e atuante, trabalhando bem em suas atribuições, permitindo uma carga tributária justa e que não sobrecarregue os cidadãos e empresas. 

O país que eu quero é um país onde os governantes consigam entender que o Estado não produz riqueza, mas cria condições para que pessoas e empresas a produzam. Que entendam que o Estado não cria empregos, quem cria empregos é a iniciativa privada. Que compreendam que o Estado não tem dinheiro, como nos ensinou Margareth Thatcher, mas que entendam que o Estado é apenas um gestor dos recursos que lhe são entregues pelos cidadãos através dos impostos. E nós, cidadãos, não entregamos nossos impostos ao Estado para que ele se torne ou se mantenha como um empresário, atuando em áreas onde a iniciativa privada atuaria muito melhor e sem usar o dinheiro dos impostos. Sou contra a existência de empresas estatais e a favor da privatização de todas as existentes.

O país que eu quero é um país onde todos compreendem que é o mercado quem deve regular preços, através do equilíbrio entre oferta e procura, sem a intervenção estatal, que só deve atuar para coibir abusos ou tentativas de manipulação do mercado. O país que eu quero é um país onde os clientes e os empresários e prestadores de serviços sejam livres para negociar entre si o valor do serviço ou produto a ser adquirido. E onde as pessoas entendam que a busca pelo lucro, em si, não é algo negativo, mas a forma como esta busca pelo lucro é feita pode, esta sim, ser muito nociva!

Da mesma forma, o país que eu quero é aquele onde patrões e empregados tenham liberdade para negociar entre si as cláusulas do contrato de trabalho, cabendo ao Estado a fiscalização quanto ao cumprimento do que foi acordado, a vigilância para coibir abusos e a aplicação da punição àqueles que agirem de má-fé ou que desrespeitarem os termos contratados.

O país que eu quero é um país onde as pessoas conseguem compreender que o mercado financeiro não é um vilão e que quem ganha dinheiro investindo na Bolsa de Valores, também está ajudando a gerar empregos. Muitas empresas, ao invés de buscar financiamentos bancários, que tem taxas de juros altas e encarecem o financiamento, para obter recursos para investir na renovação ou ampliação de suas atividades, preferem buscar recursos através da venda de papéis na Bolsa. Por isso temos que amadurecer o nosso entendimento acerca do mercado financeiro para entender que nem só de especuladores é feito o mercado de valores. Em países desenvolvidos, as pessoas já tem este entendimento e investem em ações, sabendo que desta forma, estão buscando lucro pessoal através da geração de riqueza e emprego pela empresa dona dos papéis escolhidos para investir!

Eu poderia citar mais aspectos que eu desejo para o meu país na área econômica, mas o texto ficaria mais longo do que já está. Mas creio que consegui passar a essência daquilo que considero o Estado ideal quanto à economia. Sempre lembrando que minha visão é de um conservador-liberal. Sei que nem todos vão compartilhar desta minha visão de mundo, o que é perfeitamente compreensível. E não é a minha intenção obter qualquer unanimidade aqui. Todo debate de ideias é saudável e faz parte da Democracia.

Felizmente o governo atual tem adotado medidas econômicas que permitirão ao Brasil se tornar um país bem próximo daquele que defendi aqui. Não são medidas que produzirão resultados no curto prazo, mas creio que neste caso, o ritmo mais lento das mudanças pode ser benéfico, pois acredito que não basta uma mudança de leis e de regras, mas também precisamos de uma mudança de mentalidade, tanto dos integrantes do governo e dos poderes da república, quanto da população. A visão estatista, ainda predomina entre as pessoas e entre muitos políticos e empresários. Temos que cortar o cordão umbilical com o Estado brasileiro, para que possamos crescer como povo e como nação. Só assim, conseguiremos atingir o patamar que todos nós almejamos para nós e para o nosso amado Brasil!

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