As manifestações pelo impeachment de Gilmar Mendes


Ontem, dia 17 de novembro, ocorreram protestos em várias cidades brasileiras, pelo impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. Eu acompanhei as manifestações através das redes sociais, durante toda a madrugada, e posso dizer que sem sombra de dúvidas foram expressivas, embora não tenham tido o mesmo tamanho de manifestações passadas. Isto porém, não as desqualificam de modo algum!

Me enoja a falta de cobertura da mídia com relação a estes protestos. As poucas empresas que cobriram as manifestações, o fizeram com um discurso manipulador, tentando desqualificar uma manifestação que não foi convocada pelos movimentos ditos populares, mas que foi gerada de forma orgânica através das redes sociais. O que mais me enoja, nesta tentativa ridícula de manipulação da opinião pública, é o fato de a grande mídia considerar as pessoas incapazes de analisar os fatos e formular as suas próprias opiniões. Muitos jornalistas agem e se posicionam frente a manifestações como esta, como se somente eles tivessem a capacidade de entender os fatos e a realidade, como se eles fossem seres acima da média, e os iluminados imbuídos da missão de esclarecer o povo, que por si mesmo estaria sempre a mercê das narrativas erradas.

Tacharam a manifestação de ser organizada pelos lavajatistas, outros diziam que eram os bolsonaristas, mas ninguém ousou dizer a verdade, que as manifestações foram organizadas e eram compostas por brasileiros comuns indignados com os rumos da Justiça e da Política no Brasil. Eu odeio estes rótulos, essa mania que alguns tem de separar as pessoas e as classificar de acordo com critérios alheios a elas.

Este ano, todos testemunhamos manifestações que entrarão para a História brasileira, não só pela quantidade de participantes, mas também pelas pautas defendidas. Pela primeira vez, não só no Brasil mas provavelmente no mundo, um povo foi às ruas defender uma reforma da previdência social dura, que corta benefícios e privilégios. Pela primeira vez nós vimos manifestantes apoiando ministros de Estado. Pela primeira vez nós vimos manifestantes defendendo as privatizações de estatais. E agora, pela primeira vez testemunhamos pessoas protestando contra o Supremo Tribunal Federal, criticando suas decisões e pedindo a cabeça de alguns de seus ministros. Pela primeira vez em nossa História, nós vimos tantas manifestações populares cobrando que o Congresso Nacional faça o seu trabalho! Hoje o Brasil é um país onde a escolha do Procurador-Geral da República gera debate popular! Hoje o Brasil é um país que pára para assistir as transmissões da TV Justiça, da TV Câmara e da TV Senado! Hoje o Brasil é um país que boicota grandes grupos midiáticos que insistem em tentar impor narrativas contrárias à realidade.

Alguns idiotas ainda vem com a conversa fiada, indagando porque pedir o impeachment de Gilmar Mendes e não o de Dias Toffoli. Acho que fica difícil para estas pessoas entenderem o valor simbólico da queda de QUALQUER UM dos ministros do STF, seja Mendes ou Toffoli. Hoje os ministros togados se sentem intocáveis, e com isso se sentem livres para agir em  nome de interesses que não são os da nação e nem de defesa da Constituição. Tenho ainda que aguentar uns idiotas dizendo que queremos o impeachment de Gilmar Mendes e não o de Dias Toffoli, por causa do tal acordão que protege Flávio Bolsonaro! Estes idiotas não conseguem enxergar o valor de uma manifestação com uma pauta inédita. Só valorizam se forem do jeito que eles querem, ou do jeito que eles consideram correto. Não conseguem ver o valor do que aconteceu ontem nas ruas do Brasil. Haja paciência!

O recado dado pelas ruas é simples e bem claro: o povo brasileiro quer que o Senado Federal cumpra com suas atribuições constitucionais e faça algo para interromper a escalada de desmandos vindos do STF. Queremos que o Senado se mexa! Queremos ação, e o fim do silêncio conivente do Poder Legislativo.

Alguns ditos analistas dizem que a democracia brasileira corre risco por causa de manifestações como as de ontem. Sinto dizer a estes autoproclamados analistas, que as manifestações não colocam em risco a democracia, porque elas são instrumentos democráticos. E qualquer bom observador sabe que as manifestações não pediram o fechamento do Supremo, mas pediram que o Senado use as suas prerrogativas constitucionais para tirar da Corte Suprema os membros que não estão atuando de acordo com os princípios que regem o Estado Democrático e de Direito. Os manifestantes querem que a Constituição seja respeitada e seja cumprida. Se há algo que coloca em risco a democracia brasileira é a insistente atitude de senadores e ministros do STF de ignorar os anseios da população e a voz das ruas. Quanto mais ignorada for a população, mais alto ela vai gritar, até que chegue o momento que deixará de gritar e apelará para ações que estas sim, poderão abalar a democracia brasileira. Vale lembrar que as manifestações populares nada mais são que a reação a ações vindas do Legislativo e do Judiciário. Cabe agora aos integrantes destes Poderes se conscientizar que suas ações geram reações da sociedade. A Política não está apartada da vida cotidiana da população brasileira.

Diante disso, fica a questão: até quando o Senado e o seu presidente, o senador Davi Alcolumbre, vai ignorar as vozes de milhões de pessoas? Difícil saber a resposta a esta pergunta! Mas não podemos perder a esperança. O brasileiro está cada vez mais politizado e cada vez mais consciente dos seus direitos e das ferramentas democráticas que podem ser usadas para lutar contra esta situação. As manifestações de ontem são prova disso e foram apenas mais um capítulo nesta história. A luta está longe de terminar!

Comentários

  1. Sim, nao ha o que comemorar, mas muito a lastimar! Ontem mesmo, como boa e valente (e bocuda) tia do zap, falei sobre isto no caminha de som da manifestaçao, aqui em Cascavel - Pr rssss. Grande abraço, companheiro monarquista!

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  2. Perguntar nao ofende ne? A que "democracia" as pessoas se referem? No Brasil nao existe Democracia! Esta palhaçada que aqui se instituiu é uma ilusao torpe e abjeta! Prefiro uma boa "ditadura", que foi como vivi meus excelentes tempos de jovem universitaria, e posteriormente de jovem mae.

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