A triste derrocada chilena


Temos acompanhado através da imprensa as manifestações que estão ocorrendo há quase um mês no Chile, país considerado o mais avançado e moderno da América do Sul, com os mais elevados indicadores sociais da região. O Chile é considerado um modelo de sucesso do liberalismo econômico, servindo de exemplo para muitos países, inclusive para o Brasil.

As manifestações tiveram o seu início quando o governo chileno anunciou um aumento no valor da tarifa do metrô de Santiago, desencadeando uma onda de protestos que tomou conta de várias cidades do país, levando o presidente Sebastián Piñera a declarar estado de emergência e toque de recolher em várias localidades para tentar conter os manifestantes. Inicialmente pacífica, as manifestações foram contaminadas por elementos radicais, incluindo ativistas profissionais de esquerda vindos da Venezuela e de Cuba, e se tornaram violentas, com depredações, incêndios, saques, agressões e confrontos com as forças policiais. O presidente Piñera chegou a colocar o exército na rua para tentar conter os manifestantes, sem sucesso.

Não é preciso ser um analista político para entender o que está ocorrendo no Chile. Os movimentos de esquerda testaram a força do presidente Piñera, de centro-direita, e o presidente mostrou que não possui a força necessária para conter um ataque ideológico. A meu ver, é isto o que está ocorrendo no Chile. Por trás de pautas sociais legítimas, líderes esquerdistas estão aproveitando a situação para minar as bases da Democracia, das Instituições e do governo chileno, promovendo ataques às forças policiais e de segurança, à Igreja, e dividindo o país para conquistá-lo.

Tem aumentado muito o número de denúncias de agressividade excessiva e torturas por parte da polícia, com estatísticas mostrando o número alarmante de 182 pessoas com lesões oculares decorrentes dos confrontos entre policiais e manifestantes. Obviamente não estou defendendo os abusos que possam ter sido cometidos pela polícia, mas acho que não podemos ignorar o número enorme de policiais feridos, com o caso emblemático da policial atingida por um coquetel molotov. Há excessos de ambos os lados, mas estes excessos não podem nos impedir de enxergar a verdade: tudo isto faz parte de uma grande manipulação. Até mesmo a narrativa que nos chega através da imprensa.

O primeiro grande erro do presidente Sebastián Piñera, na minha opinião, foi ter retirado o exército das ruas, logo no início dos protestos mais violentos. Foi neste momento que mostrou sua fraqueza e mostrou que não teria o pulso necessário para lidar com a situação. Os inimigos aproveitaram a comoção que o assunto "ditadura" causa entre os chilenos para condenar o envio de militares às ruas, o que ocorreu pela primeira vez desde o fim do regime ditatorial de Pinochet. Diante das duras críticas, Piñera recuou da decisão, sem saber que estava, na verdade, caindo em uma armadilha e cedendo aos inimigos.

Em seguida, tentando acalmar os ânimos, o presidente anunciou a revogação do aumento das tarifas de metrô, que tinham sido o estopim das manifestações, e também anunciou uma série de medidas sociais, como por exemplo a adoção de um salário mínimo garantido. Ao contrário do Brasil, no Chile não havia a previsão legal de um valor mínimo para os salários. Percebem como a esquerda estava manipulando as pautas sociais para conseguir anular avanços liberais, levando o Estado chileno a intervir na economia?

Mas não ficou só nessas medidas. Diante do prosseguimento dos protestos e dos confrontos, e da convocação pelos movimentos sociais de uma greve geral, Piñera pediu paz aos manifestantes e anunciou a elaboração de uma nova constituição em substituição à atual, promulgada em 1980, ainda durante o regime Pinochet. A esta altura, os manifestantes já estavam pedindo a sua renúncia, mostrando que suas tentativas de apaziguar os ânimos através da concessão de benefícios sociais fracassaram pelo simples fato de que não são estes os objetivos reais por trás das manifestações atuais. Há muito tempo as manifestações chilenas deixaram de ser um movimento espontâneo e se tornaram um protesto organizado, com um objetivo oculto e distinto dos objetivos iniciais da população.

O objetivo é claro: a esquerda quer tirar o presidente Piñera do poder. A esquerda quer usar o Chile, até então um modelo de economia liberal, agora como exemplo do fracasso da economia liberal. A esquerda quer aumentar o controle e intervenção estatal na economia e na vida das pessoas. A reivindicação da definição pelo Estado de um valor mínimo para os salários, tirando dos patrões e empregados a liberdade de negociar este valor entre si, em nome de uma suposta diminuição da desigualdade, é uma das provas deste meu argumento. Mas não a única. Se o Chile realmente for elaborar uma nova constituição, eles querem tornar direitos constitucionais a Educação e a Saúde. Sim, leitores, a Educação e a Saúde não estão garantidos como direitos na constituição chilena atual! Eu não me espanto pelo fato de não constarem do texto constitucional, mas me espanto por quererem incluí-los nele! Por que como brasileiro eu sei bem que colocar algo como direito garantido na constituição não garante que na prática este direito seja realmente respeitado. Mais do que garantir o direito dos cidadãos à Saúde e à Educação, o que a esquerda quer é usar estes valores essenciais da vida das pessoas como arma de manipulação da opinião pública contra o governo vigente e os valores liberais e também contra os valores conservadores.

A esquerda ataca os valores de mercado e através deles, os valores econômicos liberais, mas fazem isto com método. Se não há método, alguém pode me explicar por que a Codelco, a estatal chilena responsável pela maior produção de cobre do planeta, não foi afetada pelas manifestações e nem pela greve geral? Acho que a resposta é simples: evitar que aconteçam os mesmo erros ocorridos na Venezuela e que praticamente quebraram a PDVSA, a estatal venezuelana de petróleo. Ou seja, não querem repetir o erro de matar a galinha dos ovos de ouro!

A esquerda também ataca os valores conservadores, ao atacar a Igreja, em especial a igreja católica. Várias igrejas foram atacadas em diversas cidades, sendo vandalizadas, depredadas e em alguns casos incendiadas pelos manifestantes. Estes ataques contra a Igreja ocorrem por ser ela a guardiã moral de valores que se opõem à ideologia de gênero, ao aborto, ao casamento gay e por defender a família tradicional e a moralidade sexual. Os valores cristãos são contrários aos da esquerda e aos do socialismo/comunismo. Por isto os ataques físicos aos templos, e os ataques morais, com a exploração exagerada pela mídia de casos de pedofilia e de abusos sexuais nas igrejas, mostrados como se fossem a regra e não a exceção. Claro que não são os cidadãos comuns os responsáveis por estes episódios lastimáveis, mas a versão chilena dos black blocs é que são os responsáveis por estes e outros ataques ao patrimônio público e privado, e também à escalada de roubos e saques que estão varrendo várias cidades chilenas, levando o medo à população.

É difícil saber até onde tudo isso vai, se realmente conseguirão tirar Sebastián Piñera do poder. Mas nós podemos aprender muito com estes infelizes incidentes que se abatem sobre o Chile. Primeiro, um presidente precisa ter autoridade moral e ter pulso firme para saber lidar com situações como esta, e ter sabedoria para saber quais medidas de repressão adotar, em qual dose e o momento certo de suspendê-las. Segundo, boas intenções e boas ideias, na prática, não são garantias de sucesso no campo político. Terceiro, não adianta tentar dialogar com a esquerda, pois tudo o que ela quer é o poder, nada mais lhe interessa. Em quarto lugar, menos Estado significa mais liberdade para as pessoas, e não podemos deixar que ninguém nos engane com afirmações contrárias.

Estejamos atentos, pois o Brasil nem de longe está livre desta praga maléfica chamada esquerda. A única maneira existente de impedi-la de voltar ao poder no Brasil é nos unindo, divulgando e fortalecendo os valores da Direita, fortalecendo os valores conservadores e abrindo a economia com medidas liberais. Devemos manter também a nossa limpeza moral e ética em nossas Instituições, para livrá-las de todo o lixo ideológico que ainda as aparelha. A luta é grande, mas não podemos permitir que tirem de nós as nossas vitórias e conquistas, a exemplo do que estão fazendo com o Chile. Que Deus socorra os irmãos chilenos e que Deus fortaleça e proteja o Brasil.

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