Os 131 anos da Assinatura da Lei Áurea
Princesa Imperial Dona Isabel |
"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil"
Princesa Dona Isabel, Regente do Brasil, 1888
"A Princesa Imperial Regente, em Nome de Sua Majestade, o Imperador, o senhor dom Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º - É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário."
Lei 3.353 de 13 de Maio de 1888, a Lei Áurea
No dia 13 de Maio de 1888, a princesa Dona Isabel, à época regente do Império do Brasil, assinou a Lei 3.353, conhecida como Lei Áurea, que acabou com a escravidão em nosso país, colocando fim a um dos capítulos mais nefastos da nossa história. Esta lei, foi a quarta lei promulgada pelo império brasileiro, que se referia a liberdade de escravos.
A primeira lei abolicionista foi a Lei Eusébio de Queiroz, de 1850, que colocava fim ao tráfico de escravos, e nos terríveis navios negreiros, que faziam a travessia do Atlântico com centenas de pessoas amontoadas em seus porões. A segunda lei abolicionista foi a Lei do Ventre Livre, de 1871, assinada pela princesa Dona Isabel em sua primeira regência e que libertava todas as crianças nascidas de mães escravas, a partir daquela data. E a terceira lei abolicionista, a Lei dos Sexagenários, foi assinada em 1885, libertando todos os escravos com mais de 65 anos de idade.
Muitas pessoas questionam o posicionamento da família imperial brasileira com relação à escravidão, os acusando de não apoiarem a libertação dos escravos, o que a história desmente de maneira clara. Quando da independência do Brasil em 1822, D. Pedro I pretendia libertar os escravos, para que a liberdade da nação tivesse início com todos os seus cidadãos gozando também de liberdade, mas foi impedido por que se o fizesse, perderia o apoio para emancipar o Brasil e o país poderia se fragmentar, ao invés de manter sua unidade territorial, que perdura até hoje. A família imperial evitou possuir escravos, e todas as pessoas que os serviam deviam ser cidadãos livres.
Em nosso julgamento, não podemos esquecer que a nossa monarquia não foi uma monarquia absolutista, onde o monarca detém todo o poder e tudo pode fazer! Nossa monarquia era uma monarquia constitucional parlamentarista, e quem governava de fato o país era o presidente do Conselho de Ministros, algo como um primeiro-ministro. O imperador exercia o Poder Moderador, e não tinha poder para diretamente propor leis. Tudo deveria ser feito pelo parlamento, por isso a família imperial procurava dar o exemplo, ao apoiar a causa abolicionista, para que a própria pressão popular chegasse ao parlamento e provocasse as mudanças necessárias. A própria princesa Dona Isabel realizava festas em sua propriedade, para angariar fundos destinados a alforriar escravos e muitas vezes chegou até mesmo a esconder escravos fugidos em seu palácio. Era amiga pessoal de negros do movimento abolicionista, como André Rebouças e José do Patrocínio, sendo que este último foi quem a chamou de "Redentora", por ter libertado os escravos, e também foi o formador da Guarda Negra, formada para proteger a princesa e sua família, que passou a sofrer ameaças de morte depois da assinatura da Lei Áurea.
A pena usada pela princesa Dona Isabel, para assinar a Lei Áurea e que se encontra no Museu Imperial, em Petrópolis |
Infelizmente, por ter assinado a lei que libertou os escravos, sem conceder nenhum tipo de compensação aos seus proprietários, a princesa Dona Isabel jamais pôde ascender ao trono do Império do Brasil. Com a Lei Áurea, o movimento republicano ganhou o apoio dos grandes fazendeiros e da maior parte da elite brasileira da época, o que levou ao golpe republicano de 1889.
Mas devemos preservar a memória da princesa Dona Isabel, e não permitir que mentiras a seu respeito sejam espalhadas, bem como guardar a memória da família imperial, que tanto contribuiu para a formação da nossa identidade nacional!
Crédito da foto colorida da princesa Dona Isabel
Christiane Wittel (https://www.facebook.com/wittel1)
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