The Intercept versus Brasil


De volta ao blog, depois de alguns dias ausente! Como eu já escrevi em outras oportunidades, nem sempre é fácil se manter informado acerca de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. A Internet e as redes sociais facilitam o acesso às informações, mas ao mesmo tempo, dificulta a filtragem, dado o enorme volume de informações a que temos acesso, sendo que nem tudo é verdadeiro e confiável. Numa era de fakenews, todo cuidado é pouco!

Confesso que não pretendia escrever acerca do caso que ficou apelidado de Vaza Jato, que teve início com a publicação de uma reportagem do site The Intercept, que mencionava supostas mensagens trocadas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro e o procurador da República e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, que tratavam de assuntos envolvendo procedimentos do trabalho da Lava Jato e do trâmite de processos judiciais derivados das investigações da operação. Estes diálogos foram retirados de supostas mensagens privadas trocadas através do aplicativo Telegram, da época em que Moro ainda era juiz federal em Curitiba. Naquele momento nós não tínhamos conhecimento da fonte das informações, já que no Brasil a legislação prevê o sigilo da fonte, desobrigando os jornalistas de divulgar a fonte de suas informações, embora fosse grande a suspeita de que os diálogos tinham sido obtidos de forma ilegal, através do hackeamento das contas dos envolvidos nos diálogos. Devido ao fato de não se ter acesso ao material original, não era possível comprovar a veracidade dos diálogos constantes na reportagem, nem se havia ou não adulterações ou manipulações deste material.

Não vou entrar em detalhes sobre as reportagens, por que o meu objetivo aqui é expor a minha opinião sobre este assunto, não é informar, para isso eu recomendo os portais de notícias. Quando eu fiquei sabendo que tinham vazado diálogos entre Moro e Dallagnol, fiquei extremamente preocupado, pensando: será que até eles se sujeitaram aos esquemas de corrupção e às safadezas que imperavam no Brasil? Junto com a preocupação, veio a tristeza, eu já estava dando como certa a pisada na bola de Moro e Dallagnol, já estava me conformando com o fato do Brasil ser um país corrupto, sem solução e sem futuro. Estes sentimentos permaneceram até que eu criei coragem e li a tal reportagem do The Intercept, li os supostos diálogos e constatei aliviado, que ali não tinha nada demais! Não tinha nada que justificasse o alvoroço feito pelo site e pelo jornalista Glenn Greenwald, responsável pela matéria publicada.

Obviamente, os petistas e a esquerda enxergaram nestas mensagens divulgadas motivos suficientes  para pedir as cabeças de Moro e Dallagnol. O ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública entregou o seu telefone celular à Policia Federal, para análise, e compareceu voluntariamente à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, para prestar esclarecimentos aos parlamentares. Suas respostas, pelo menos para mim, foram suficientes. Além disso, foi constrangedor, para dizer o mínimo, ver o juiz responsável por colocar na cadeia altos figurões da política e do empresariado nacional, ser achacado por deputados e senadores que estão sob investigação ou que são réus em processos diversos, dando a impressão que no Brasil é o rabo quem balança o cachorro! A imprensa, diversos analistas, e a bancada da oposição, fizeram um escarcéu sobre o assunto, que acabou por alimentar a narrativa esquerdista que diz que Lula é um preso político e que sua condenação é infundada, pois teria ocorrido sem provas. Porém, há decisões já confirmadas em instâncias superiores da Justiça, o que mostra que Moro agiu dentro do que determina a Lei. Até hoje nenhuma condenação foi revogada, apesar das inúmeras apelações da defesa dos réus.

O site The Intercept começou a divulgar a conta gotas, mais mensagens trocadas entre Moro, Dallagnol e outros envolvidos na condução da Operação Lava Jato. Mas a cada nova publicação, menos dados comprometedores haviam, e mais clara a tentativa de manipulação de informações estava ficando, levando todos a acreditar que o verdadeiro objetivo do vazamento destas informações era comprometer a credibilidade do ex-juiz Sérgio Moro e do procurador Deltan Dallagnol, colocando sob suspeição todo o trabalho realizado pela Lava Jato. Se isto de fato ocorresse, as sentenças judiciais proferidas por Moro poderiam ser anuladas, levando à libertação de Lula e outros presos pela operação.

Depois de muito falatório sobre as supostas conversas divulgadas, investigações da Polícia Federal levaram à prisão de quatro pessoas suspeitas de terem participado da invasão dos celulares de Moro, Dallagnol e de várias outras autoridades da República, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. Um dos presos, Walter Delgatti Neto, considerado o líder do grupo, chegou a confessar o crime de invasão, e disse que repassou o material obtido ao site The Intercept, através da intermediação de Manuela d'Ávila, filiada ao PC do B e ex-candidata a vice-presidente da República na chapa de Fernando Haddad. Este fato alimentou ainda mais as suspeitas de que as invasões foram um crime premeditado e arquitetado por outras pessoas, e apenas executado pelos quatro presos.

As investigações prosseguem, e eu acredito que não demorará muito e a Polícia Federal descobrirá os mandantes destas invasões de celulares. Pra mim já está claro que não se trata de um crime cibernético comum, mas se trata de um crime contra a Segurança Nacional e deve ser enquadrada na lei específica que rege este assunto, uma vez que os atos criminosos comprometeram a privacidade de altas autoridades do país. Tudo isto também serviu para expor a fragilidade da segurança das comunicações das nossas autoridades, já que se um simples hacker do interior de São Paulo conseguiu obter acesso a tantas informações, imaginem o que uma quadrilha de hackers profissionais internacionais não conseguiriam obter!

Na minha opinião, até aqui tudo o que foi divulgado só serviu para fortalecer a imagem e a credibilidade de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e da Operação Lava Jato. Os políticos e empresários corruptos e desonestos, que ainda estão livres, estão vendo se aproximar o dia no qual terão que prestar contas à Justiça e à sociedade brasileira. O tempo de impunidade chegou ao fim, e isto tem assustado muita gente, fazendo com que usem todos os meios, legais e ilegais, para continuarem livres. Muitos capítulos ainda virão pela frente, mas apesar do esforço conjunto de jornalistas, analistas e de alguns órgãos da imprensa para acabar com a Operação Lava Jato, duvido que isto ocorra! A operação está consolidada, os presos já tiveram suas penas confirmadas, tudo foi feito dentro da lei e, qualquer abuso ou ilegalidade, se cometidos, serão corrigidos e punidos. Ninguém está acima da lei! E eu acredito que em breve, os mandantes destes crimes também terão esta certeza!

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