Eu não apoio Deltan Dallagnol na PGR

Edifício-sede da Procuradoria Geral da República
Brasília/DF


Estamos às vésperas do anúncio do nome do novo procurador-geral da República, que deverá ser feito pelo presidente Jair Bolsonaro. O novo procurador-geral  sucederá à Raquel Dodge, que em setembro deverá encerrar seu mandato de dois anos à frente da Procuradoria-Geral da República. O presidente da República já tem em mãos a lista tríplice que lhe foi enviada pelo Ministério Público, com os nomes escolhidos em votação pelos seus membros. O presidente Bolsonaro tem a prerrogativa da nomeação do procurador-geral da República, e não é obrigado a indicar alguém que esteja na lista.

Tudo indica que o presidente irá indicar alguém cujo nome está fora da lista tríplice, quebrando assim a tradição iniciada por Lula em 2003, embora a possibilidade de indicar um dos três nomes da lista também não esteja descartada. O presidente Bolsonaro busca um procurador com perfil conservador, e que não tenha um perfil que possa provocar choques entre o Ministério Público e o Poder Executivo. Raquel Dodge, a atual procuradora-geral, se colocou à disposição do presidente Jair Bolsonaro para uma possível recondução ao cargo, mesmo não tendo participado da eleição para a composição da lista tríplice. Eu considero remotíssima a possibilidade de Dodge ser reconduzida a um novo mandato à frente da Procuradoria Geral da República.

Entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, principalmente nas redes sociais, há um movimento que defende a nomeação do procurador Deltan Dallagnol para o cargo de procurador-geral. O seu trabalho bem sucedido como coordenador da Operação Lava Jato seria o seu grande trunfo, já que ninguém questiona o sucesso da operação (quer dizer, só os investigados e bandidos questionam a Lava Jato). Mesmo tendo o seu nome envolvido nos vazamentos divulgados pelo site The Intercept, apelidados de Vaza Jato, sua reputação segue em alta junto à população, já que os vazamentos contribuíram para comprovar a seriedade com a qual conduziu os trabalhos da operação.

Procurador da República Deltan Dallagnol
Coordenador da Operação Lava Jato


Eu, por outro lado, defendo que o procurador Deltan Dallagnol permaneça à frente da Operação Lava Jato. Eu prefiro que a operação, que recentemente teve os trabalhos prorrogados por mais um ano por Raquel Dodge, continue sendo conduzida por ele, principalmente por estarmos num momento em que as tentativas de acabar com a operação e as investigações conduzidas por ela estão cada vez mais intensas, e uma mudança na coordenação neste momento poderia enfraquecer perigosamente a operação.

Além disso, acredito que Deltan Dallagnol não possui o perfil que o presidente Bolsonaro deseja para ocupar o cargo de procurador-geral. O presidente já deixou claro que deseja alguém de perfil conservador, e Dallagnol mostra ter um perfil mais progressista, o que poderia acabar gerando atritos com o Poder Executivo. Para se evitar problemas futuros, defendo que outro  procurador seja nomeado para o cargo, assegurando assim a continuidade da Operação Lava Jato e ao mesmo tempo, assegurando uma Procuradoria Geral mais atuante e sintonizada com o trabalho do governo.

Deltan Dallagnol está fazendo um ótimo trabalho à frente da Operação Lava Jato. Como costumamos dizer, em time que está ganhando, não se mexe!!!

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