O Hino Nacional nas Escolas

Ricardo Vélez Rodríguez - Ministro da Educação

Todos nós acompanhamos as repercussões do envio de uma carta, às escolas de todo o país, pelo Ministério da Educação, a qual o ministro Ricardo Vélez Rodríguez pede às escolas que seja lida aos alunos, e que termina com o slogan de campanha de Bolsonaro, Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Além disso, o MEC orienta nesta carta, as escolas a perfilar os alunos para entoar o Hino Nacional e que este momento seja filmado e enviado para o ministério.

Houve muita gritaria, na imprensa e nas redes sociais, por causa de dois pontos: o uso do slogan de campanha e a determinação de filmar as crianças entoando o Hino Nacional. No primeiro caso, o uso do slogan, afeta a imparcialidade necessária para que o governo haja em nome de todos os brasileiros. As eleições já foram concluídas, o governo já está empossado e agora deve trabalhar em favor do conjunto da nação. Pra ser sincero, eu até discordo da maneira como o slogan foi escrito, eu prefiro diferente: Brasil acima de todos, Deus acima de tudo! Parece uma diferença pequena, mas o significado das palavras têm peso e deve ser considerado! Acho até que o Ministério da Educação deveria se preocupar mais com o ensino (inclusive da língua portuguesa) do que com essa doutrinação direitista que caminha em sentido contrário ao Projeto Escola sem Partido!

Ninguém é contra que crianças sejam estimuladas a entoar o Hino Nacional, eu tampouco! Muito pelo contrário, sou totalmente a favor, até por que eu sou de uma época em que os alunos eram perfilados na quadra de esportes da escola e o Hino Nacional era entoado ao mesmo tempo que a Bandeira Nacional era hasteada. Fomos ensinados acerca dos símbolos nacionais e de sua importância, mas além disto, eu tive ótimos professores de História, e eu acredito que não adianta nada querer ensinar patriotismo e respeito aos símbolos nacionais sem que este ensino esteja atrelado ao ensino aprofundado da nossa História, já que tudo está atrelado! Creio que foi essa junção de fatores, conhecimento da História do Brasil, conhecimento acerca dos símbolos nacionais e de seus significados que me tornaram um cara de Direita, Conservador-Liberal!

Já a questão da filmagem das crianças sem que o Ministério da Educação deixe claro as motivações deste pedido, tem implicações legais e foi o ponto que mais causou alvoroço, já que é legalmente proibido filmar crianças e adolescentes sem a devida permissão dos pais ou responsáveis. Sou contra, por que mesmo que o governo não tenha deixado claro a motivação de tal solicitação, é obvio que estas imagens acabariam sendo utilizadas em campanhas publicitárias governamentais. Outra hipótese, mais obscura, seria a de o governo usar estas imagens como forma de monitoramento do sistema de ensino, embora não fique claro, caso isto ocorra, quais seriam as consequências para as escolas que desobedecessem a determinação ministerial. De qualquer forma, a vigilância da população e da imprensa foi muito positiva, e deve ser mantida ativa em todo o tempo!

O ministro Ricardo Vélez Rodríguez foi exortado pelo próprio presidente Bolsonaro a desfazer a medida considerada inadequada, e o ministro pediu desculpas públicas e enviou nova carta às escolas, corrigindo a anterior. É positivo que alguém que erre reconheça seu erro e se desculpe junto àqueles que ofendeu, mas é muito mais louvável alguém que pondera antes  de agir, principalmente quando este alguém é um ministro de Estado, cujas ações influenciam a vida de milhões de pessoas, e pode acontecer destas ações equivocadas gerarem consequências para a vida das pessoas que não poderão ser desfeitas com um pedido de desculpas! O governo não tem o direito de errar, por isso o Presidente da República tem a total autonomia para nomear o seu quadro de ministros e auxiliares, para que se cerque de pessoas capacitadas para que as decisões sejam as menos equivocadas possíveis. Este governo tem dois meses e já teve que voltar atrás em várias questões, e estes erros de decisão minam o capital político do governo, a sua credibilidade e a aprovação da população em relação ao governo, e estamos num momento em que o governo não pode ver o seu capital político depreciado, quando importantes negociações estão em andamento para a aprovação do projeto de Reforma da Previdência.

A vigilância da população é importante e necessária, e o governo precisa estabelecer um novo padrão de qualidade em suas decisões. Precisamos de um governo cujos acertos prevaleçam e cujos erros sejam mínimos. Não existe governo perfeito, mas tem que existir um esforço para minimizar possíveis equívocos. Estamos de olho!

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