O caso Constança Rezende

Jornalista Constança Rezende
O Estado de São Paulo

O presidente Jair Bolsonaro apronta no Twitter novamente! No domingo 10 de Março, o presidente Jair Bolsonaro compartilhou em sua conta pessoal no Twitter, uma matéria publicada pelo site Terça Livre, na qual é afirmado que a jornalista Constança Rezende, do jornal O Estado de São Paulo, quem primeiro publicou matérias envolvendo Flávio Bolsonaro, tem trabalhado com a intenção de destruir Flávio Bolsonaro e o governo do presidente Bolsonaro. Segundo o site Terça Livre, tal afirmação é baseada numa suposta entrevista concedida pela jornalista à Jawad Rhalib e publicada em seu blog hospedado no site do jornal francês Mediapart. Na reportagem do Terça Livre, é possível ouvir o áudio da suposta entrevista.

Logo após a publicação do tuíte pelo presidente Bolsonaro, o jornal O Estado de São Paulo desmentiu as informações citadas, alegando que o áudio em que se baseia a matéria de Jawad Rhalib, base da publicação do Terça Livre, é uma montagem feita a partir do áudio de uma conversa entre a  jornalista Constança Rezende e Alex MacAllister, suposto estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre os presidentes Bolsonaro e Trump, e que ocorreu em 23 de Janeiro. O próprio jornal francês Mediapart publicou em seu Twitter uma mensagem, onde se solidariza com  a jornalista Constança Rezende e afirma claramente que as informações contidas na matéria publicada pelo blog de Jawad Rhalib são falsas, e afirma também que, embora o site do jornal hospede o blog, o conteúdo publicado não é de responsabilidade da editoria do jornal.

A repercussão na internet foi imediata, com a hashtag #BolsonaroÉFakeNews estando entre os trending topics. Entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifestaram repudiando o que consideraram um ataque do presidente visando intimidar a imprensa.

O Estadão divulgou também a informação que a autora da matéria publicada pelo Terça Livre, Fernanda Salles Andrade, ocupa cargo no gabinete do deputado estadual Bruno Engler (PSL), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A mesma Fernanda aparece em vários vídeos divulgados no Youtube, onde apoia abertamente o presidente Bolsonaro.

Eu ouvi o tal áudio, divulgado pelo Terça Livre, e a primeira coisa que pude perceber, além do fato da jornalista ter um péssimo domínio do inglês, foi que a legenda em português não corresponde ao que está sendo dito pela jornalista em inglês. E. ouvindo o que ela diz em inglês, não pude constatar em nenhum momento, nada que confirmasse as acusações feitas contra ela. No áudio, o que fica claro para mim, é uma jornalista que, seguindo o seu faro profissional, enxergou na história envolvendo as movimentações financeiras atípicas  do ex-assessor do ex-deputado estadual e atual senador Flávio Bolsonaro, algo grande e digno de ser trabalhado e investigado. Ela mesma afirma no áudio que tem se dedicado somente a isso, por que os desdobramentos podem prejudicar Flávio Bolsonaro e até mesmo atingir o presidente, podendo levar ao seu impeachment. São os fatos que poderão trazer estas consequências, e não o trabalho da jornalista. O que as pessoas esperavam: Que uma jornalista tivesse acesso a este tipo de informação e não fizesse nada? Até eu iria querer saber mais sobre esta história (Aliás, eu QUERO mesmo saber mais a respeito disto tudo).

Na minha opinião, o presidente Bolsonaro precisa evitar usar as redes sociais. Sei que ele gosta muito deste contato direto com as pessoas, e se ele quer realmente continuar usando as redes, que pelo menos cheque a veracidade das informações que pretende compartilhar. Afinal, não é qualquer cidadão publicando, trata-se do Presidente da República! Muitas pessoas acabarão acreditando em tudo aquilo que o presidente publicar, sem se preocuparem em checar os fatos, devido a credibilidade que vem da Presidência da República, e acabarão acreditando em notícias falsas que poderão ter consequências diversas. Por isso todo o cuidado é pouco!

Faço coro com todos aqueles que tem dito: presidente, sai do Twitter e vai trabalhar! Temos uma negociação para a aprovação da reforma da previdência social, tão importante para o próprio governo, e que parece relegada a segundo plano pelo presidente.

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