A nomeação de Ilona Szabó
Sérgio Moro e Ilona Szabó |
Mais uma novela envolvendo o governo Bolsonaro! O protagonista da vez foi o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, que tinha indicado Ilona Szabó para ser suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, órgão consultivo ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que tem a função de discutir novas diretrizes criminais e carcerárias, formado por 26 membros, entre titulares e suplentes, que não são remunerados. Ilona Szabó, bacharel em Relações Internacionais, com mestrado em Estudos de Conflito e Paz, é especialista em Segurança Pública e Políticas de Drogas, e co-fundadora do Instituto Igarapé.
Após intensa gritaria dos apoiadores do presidente Bolsonaro nas redes sociais, e de vários grupos de Direita, Moro foi obrigado a voltar atrás na indicação, depois da nomeação ter sido vetada pelo presidente Jair Bolsonaro. A reação contrária à nomeação de Ilona era previsível, se levarmos em consideração que ela foi coordenadora de uma das maiores campanhas de desarmamento já realizadas, é contrária à política de flexibilização do porte de armas, é contra a redução da maioridade penal e é favorável à legalização das drogas, posições contrárias aos projetos defendidos pelo governo, e todos temas importantes abordados durante a campanha presidencial que elegeu Bolsonaro. Além disso, ela foi uma das divulgadoras de conteúdo nas redes sociais usando a hashtag #Elenão durante as eleições e manteve um discurso crítico e opositor após a vitória e posse de Bolsonaro.
Na minha opinião, apesar de ser qualificada, e apesar de proporcionar pluralidade ao Conselho, não vi com bons olhos a nomeação de Ilona, pois como já mencionei a gritaria era previsível e faltaria coerência ao governo, que precisa escolher colaboradores que possam unir forças em favor da aprovação dos projetos do governo. Escolher alguém que luta em favor de pautas contrárias às defendidas pelo atual governo não pode ser considerado positivo. Além disso, o governo já enfrentou muitos desgastes nestes dois primeiros meses, e toda ação deve ser pensada de forma a se evitar novos desencontros. Já tivemos problemas com as falas do presidente Bolsonaro sobre o projeto de Reforma da Previdência, problemas envolvendo falas da ministra Damares Alves, do ministro Ernesto Araújo, tem o problema recente envolvendo a carta do ministro Ricardo Vélez Rodríguez, tudo isto contribuindo para abalar o capital político do presidente Bolsonaro, o que vai tornar ainda mais difícil a negociação pela aprovação das medidas do governo no Congresso Nacional.
Eu acho que o presidente Jair Bolsonaro precisa dialogar mais com seus ministros e colaboradores, de forma que as futuras decisões sejam acertadas e não eles tenham que ser publicamente desautorizados. Todos precisam ser mais cuidadosos ao dar declarações! Projetos só devem ser apresentados quando devidamente analisados e aprovados pelo presidente! Eu acho que, quando não se tem o cuidado necessário e se fala ou age indevidamente, para depois voltar atrás, o governo passa para a sociedade uma imagem de bagunça e desinformação, uma imagem de amadorismo, e nenhum cidadão se sente confortável com a ideia de ter a sua vida conduzida por um governo sem rumo!
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