O ataque covarde em Suzano

Homenagens às vítimas do ataque, deixadas nos muros
da Escola Estadual Professor Raul Brasil

No último dia 13 de Março, todos fomos surpreendidos com a notícia vinda da cidade paulista de Suzano. Um ataque covarde, a tiros, tinha ocorrido na Escola Estadual Professor Raul Brasil, deixando sete vítimas fatais, sendo cinco estudantes e duas funcionárias da escola. Este ataque aos alunos foi perpetrado por dois ex-alunos da escola, com idades de 17 e 25 anos. Os dois atiradores também fizeram vítima o tio de um deles, que foi assassinado em seu estabelecimento comercial antes dos assassinos irem à escola. Ambos os atiradores morreram no local, quando encurralados pela polícia, um dos rapazes atirou em seu comparsa e depois se suicidou. Segundo foi apurado pelas investigações, os dois rapazes planejaram meticulosamente o ataque contra os alunos e tudo leva a crer que a motivação foi o bullying sofrido anteriormente.

O caso acabou causando a discussão envolvendo a posse e o porte de armas pelos cidadãos, sendo que os requisitos para a posse foram flexibilizados por decreto presidencial em janeiro, enquanto o porte continua restrito, embora o presidente Jair Bolsonaro já tenha indicado que pretende tratar do assunto futuramente, já que se trata de uma promessa de campanha e é um assunto muito caro aos seus apoiadores. No entanto, um momento de  comoção nacional por conta desta tragédia não é o mais adequado para se debater um assunto como este. Tampouco se deve estigmatizar assuntos relativos aos acontecimentos, já que houve quem culpasse os jogos eletrônicos extremamente violentos da atualidade como possível fator de influência na atitude dos dois rapazes. Apesar de todo o ocorrido, do baque que sofri, não mudei a minha opinião em relação à questão da posse e do porte de armas de fogo, continuo sendo a favor de que o cidadão tenha o direito de decidir se quer ter uma arma ou não.

Eu fiquei chocado e triste com todo o ocorrido e me solidarizo com os familiares das vítimas e com aqueles que sobreviveram à tragédia e seus familiares. Buscar respostas acaba sendo inevitável, e eu acredito que uma série de fatores acabaram levando as coisas a terminarem desta forma trágica. Se eu acho que um jogo eletrônico pode influenciar um jovem? Como jogador de GTA, um dos mais polêmicos jogos da atualidade, afirmo categoricamente que sim, o jogo pode influenciar. Mas se esta influência vai ocorrer ou não, não depende do jogo em si, mas da maturidade emocional e intelectual daquele que o joga. E isto me leva a uma questão que considero muito relevante frente aos fatos. Os pais desta geração, foram jovens em uma época em que não existiam jogos tão sofisticados como os de hoje, nem existiam as redes sociais e a internet. Eu acho que muitos destes pais acabam não tendo o conhecimento necessário para educar e preparar os seus filhos para viver num mundo tão diferente daquele em que eles cresceram. Normalmente, a única experiência que temos para nos basear, como pais, é aquela que obtivemos com nossos próprios pais. Desta forma, tendemos a ensinar nossos filhos da mesma maneira que fomos ensinados, já que muitas vezes não temos uma experiência diferente que nos sirva de exemplo. É por isso que acredito que boa parte dos jovens de hoje não se encontram psicologicamente nem emocionalmente preparados para confrontar um mundo que permite o acesso instantâneo a qualquer informação, seja ela nociva ou não. Muitos jovens que acessam a internet, mesmo com o consentimento dos pais, não tem a maturidade necessária para julgar o que é proveitoso e o que é perigoso.

Como pais, como sociedade e como nação, precisamos urgentemente fazer uma auto análise para saber o que temos ensinado aos nossos filhos! Que valores estamos passando adiante? Estamos preparando nossos filhos para que saibam fazer escolhas? Para se escolher, é necessário que se avalie as alternativas disponíveis! Estamos ensinando os nossos jovens a ter discernimento, para que escolham com sabedoria? Estamos ouvindo os nossos filhos, para conhecer mais da sua personalidade, seus pontos fracos, medos, inseguranças, bem como seus pontos fortes? Tudo isto precisa ser repensado, pelo bem das nossas crianças e jovens, belo bem do futuro do Brasil.