Bolsonaro recebe Juan Guaidó em Brasília

Presidente Jair Bolsonaro e o Presidente Interino da Venezuela Juan Guaidó

No último dia 28 de Fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro recebeu, no Palácio do Planalto, o presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que veio ao Brasil depois de participar de eventos na Colômbia, para uma série de encontros com autoridades brasileiras e diplomatas estrangeiros. Juan Guaidó foi recebido formalmente no Palácio do Planalto, embora não tenham sido dispensadas a ele as honras de chefe-de-estado. Ele foi recebido na entrada principal do Palácio, no primeiro andar, mas normalmente, quando o cerimonial é organizado para recepcionar um dignitário estrangeiro com honras de chefe-de-estado, o convidado sobe a rampa do Palácio e é recebido pelo presidente brasileiro que o aguarda no alto da rampa. Apesar de não ter subido a rampa, Guaidó foi recebido pelo presidente Bolsonaro e depois da reunião da qual participaram, ambos fizeram a tradicional declaração à imprensa, estando lado a lado.

Juan Guaidó é o presidente da Assembleia Nacional, o congresso venezuelano e este cargo lhe deu a condição legal de assumir interinamente a presidência da Venezuela, diante da eleição fraudada que deu a vitória a Nicolás Maduro. A oposição venezuelana não reconheceu a vitória de Maduro nem a sua legitimidade para continuar no cargo, o que abriu caminho para que Guaidó, na ausência do chefe-de-estado, assumisse interinamente a presidência, para realizar novas eleições presidenciais. O Brasil e vários outros países também declararam não reconhecer a legitimidade das eleições e não reconheceram Nicolás Maduro como presidente. Após Guaidó assumir interinamente a presidência, o Brasil e outros 50 países o reconheceram como presidente legítimo da Venezuela.

A visita de Guaidó se deu logo depois da tentativa fracassada de se enviar ajuda humanitária para o povo venezuelano. Poucos dias antes da data marcada para o envio dos donativos, o ditador Maduro tomou a decisão de fechar as fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia. Tal tentativa terminou com pelo menos duas pessoas mortas,  dezenas de feridos, e caminhões com mantimentos e medicamentos incendiados pelos apoiadores do regime de Maduro.

O ato de receber formalmente Juan Guaidó, coloca o Brasil em uma posição delicada diante do problema venezuelano. Nosso primeiro ato nesta história foi o de não reconhecer a vitória fraudada de Nicolás Maduro e não reconhecê-lo como presidente legítimo. Depois reconhecemos a Juan Guaidó como presidente interino e passamos a apoiá-lo abertamente, inclusive o envio de ajuda humanitária era parte deste apoio. Agora Guaidó é recebido em Brasília, na sede do governo, o que envia uma mensagem clara de apoio a ele. Além disto, o próprio presidente Bolsonaro, em suas declarações, deixou claro que o Brasil fará todo o  possível para que seja encontrada uma solução pacífica para o problema venezuelano.

A  questão pode se complicar nos próximos dias, quando Guaidó retornar à Venezuela, já que havia uma ordem judicial que o impedia de deixar o país e ele a desobedeceu, correndo agora o risco de ser preso ao desembarcar em solo venezuelano. Ninguém sabe se Nicolás Maduro terá a coragem de prender Guaidó, diante de todo o apoio internacional que o presidente interino possui. Se ele for realmente preso, qual será a reação do Brasil? Nicolás Maduro terá a coragem de romper relações diplomáticas com o Brasil, como já fez com a Colômbia? Poderá Maduro nos retaliar por receber Guaidó, cortando a energia para Roraima? E nós, se for necessário, teremos condições de enfrentar uma guerra? São perguntas cujas respostas ainda não estão claras, mas a cada novo posicionamento, o Brasil limita suas opções. Muitos tentam encontrar novos caminhos, mas o futuro ainda é  incerto. Novos capítulos virão!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A prisão de Roberto Jefferson

Sejam Bem-vindos!

A demissão de Sérgio Moro