O descaso com a Educação

 


A educação das crianças e jovens no Brasil está em ruínas, devido ao descaso com que sucessivos governos trataram dessa área tão vital. O resultado é visível em todos os municípios e afeta vários setores da sociedade, com muitas pessoas sendo incapazes, mesmo depois de terem concluído os estudos, de ler e interpretar textos simples e fazer operações matemáticas básicas. Isto afeta diretamente o mercado de trabalho, onde de um lado existe uma massa de desempregados buscando desesperadamente por uma colocação, e de outro existe um grupo imenso de empresas que não consegue encontrar profissionais qualificados para preencher as vagas que estão disponibilizando.

O relatório do PISA divulgado em 2019 mostrou claramente que tivemos uma década inteira perdida na educação, o que nos deixa com uma tarefa gigantesca nas mãos, se quisermos recuperar a educação brasileira.

Para ajudar, veio a pandemia, e com ela as restrições e o fechamento das escolas. Adotou-se as aulas virtuais, mas sabemos bem que nem todas as famílias tem condições de promover o acesso das crianças às aulas online, e nem todas as famílias possuem um responsável que possa acompanhar a criança nos estudos. Sabemos também que mesmo as crianças que tem todas as condições de acompanhar tais aulas, acabam tendo um baixo desempenho, quando comparado ao que teriam se tivessem frequentado aulas presenciais.

Como a maioria de vocês deve saber, vivi muitos anos no Japão. Meus filhos, uma moça com 18 anos e um rapaz com 17, continuam morando lá. Voltei ao Brasil no final  de setembro do ano passado, e tanto os meus filhos e os meus sobrinhos, como todas as crianças japonesas, estavam tendo aulas presenciais. Tudo com os devidos cuidados de higiene e precaução.

O ano letivo no Japão começa em abril, e devido à pandemia, o governo adiou o início das aulas para junho. Desde então, as crianças voltaram às aulas, seguindo protocolos de higiene e cuidados, como o uso obrigatório de máscaras, e também seguindo um novo cronograma de aulas, visando repor o tempo perdido, para que o ano letivo terminasse com todo o conteúdo previsto tendo sido ensinado. Para tanto, aumentaram a carga horária das aulas, e diminuíram as férias de verão e de inverno.

Quais as medidas diferentes que foram adotadas pelas autoridades japonesas para permitir a volta às aulas? Na prática, pouco mudou na rotina dos estudantes. O uso de máscaras é comum no Japão, faz parte da etiqueta social. Qualquer pessoa gripada usa máscara para evitar o contágio daqueles ao seu redor. Lavar as mãos com frequência é um hábito ensinado às crianças e praticado desde o jardim de infância. O hábito de trocar os sapatos e não utilizar dentro da escola os mesmos calçados que foram usados na rua, também ajuda a manter o ambiente limpo. Enfim, não foram necessárias medidas extremas, e as aulas puderam ser retomadas.

Da parte dos estabelecimentos de ensino, um maior cuidado com a limpeza e higienização dos ambientes escolares também ajudou a diminuir o risco de contágio entre as crianças, e os professores e funcionários.

Qual o impacto deste retorno às aulas nos números da Covid-19 no Japão? Os dados disponibilizados pelo governo japonês hoje (29/01/2021) são estes: 383.958 casos confirmados, 320.907 pessoas curadas e 5.610 mortes. (Fonte: NHK). Vale lembrar que os números totais abrangem o período de 13/01/2020, quando foi confirmado o primeiro caso, ate 29/01/2021, para uma população de aproximadamente 125 milhões de pessoas. Portanto é seguro afirmar que a retomada das aulas presenciais não causou uma explosão generalizada de casos da doença.

Já aqui no Brasil, prevalece o discurso do medo, que provoca histeria em muitas pessoas. Os governos estaduais, como o de São Paulo, demoraram muito para agir em relação ao retorno às aulas presenciais, causando a perda do ano letivo de 2020, e agravando ainda mais o quadro deplorável da educação oferecida às nossas crianças e jovens.

Para piorar, ouvi um carro de som da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) passando aqui na avenida, pedindo aos pais que não enviem os filhos às escolas e comunicando uma greve para 8/2. Como pessoas que nem estão trabalhando podem pensar em paralisação? Pessoas que estão com seus salários em dia, que receberam mesmo estando em casa, querem agora prorrogar esta situação, sem levar em conta as necessidades das crianças, e sem considerar a situação dos pagadores de impostos que sustentam os seus salários?

Não generalizo, pois sei que ainda existem guerreiros no campo educacional, que realmente se preocupam com o futuro das crianças, e exercem o magistério como um sacerdócio. A estes, o meu respeito.

Aos que querem ficar em casa, por medo da Covid-19, fiquem! Vocês são livres para escolher. Porém, a sociedade não pode ser obrigada a sustentar aqueles que não querem trabalhar! Nem continuar negando o direito das crianças à educação, que é um direito constitucional.

Precisamos pôr um ponto final nesta pouca vergonha promovida por uma grande parcela do funcionalismo público, que tem sugado vastos recursos da sociedade e quase nada tem oferecido em troca. É fácil defender o "fique em casa", tendo o salário e o emprego garantidos. Devemos acabar com a estabilidade do funcionalismo público e iniciar um processo de moralização do serviço público, passando a dar à população um retorno digno dos altos impostos que lhe são cobrados. A farra promovida por estes sindicatos esquerdistas que só atrapalham e nada agregam à sociedade precisa acabar!

No Brasil, os privilegiados só prejudicam os mais pobres e vulneráveis, que continuam carregando o país nas costas a duras penas! Este egoísmo se tornou insuportável.

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