Baleia Rossi ou Arthur Lira? Nenhum dos dois!

 


Finalmente, depois de dois anos de uma espera angustiante, estamos assistindo o ocaso do reinado de Rodrigo Maia (DEM) à frente da presidência da Câmara dos Deputados. Na verdade, Rodrigo Maia está exercendo a presidência da Câmara desde 2016, quando sucedeu a Eduardo Cunha. Porém, foi no mandato que se encerra que Maia adotou a postura agressiva e intrometida, passando a dar pitacos sobre todos os assuntos do país e criticando de forma severa o Poder Executivo, em especial o presidente Jair Bolsonaro, além de andar por aí se comportando como se fosse o primeiro-ministro do Brasil.

A grande maioria do povo brasileiro não vê a hora de ver Rodrigo Maia retornando à sua insignificância política, como um deputado amparado por pouco mais de 74 mil votos. Na próxima segunda-feira 1º de fevereiro de 2021, ocorrerá a eleição que escolherá os membros da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, incluindo o presidente da Casa. Toda a atenção agora está sobre os dois principais candidatos ao cargo máximo, os deputados Baleia Rossi (MDB) e Arthur Lira (PP).

Sinceramente, nenhum dos dois candidatos me inspira confiança. Baleia Rossi, por pertencer ao MDB, partido fisiológico, que prefiro ver longe de cargos e do poder, e por ser o candidato de Rodrigo Maia. E Arthur Lira, por ser um ilustre desconhecido, filiado a um partido do famigerado centrão. Mesmo sendo apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, não consigo confiar e apoiar Arthur Lira.

Ambos possuem um histórico de votações onde a maioria dos votos foram favoráveis ao governo. Mas a meu ver, isto não ajuda a mudar a má impressão que tenho dos dois.

A grande questão é: dentre 513 deputados, não havia nenhum que representasse de fato os interesses da direita conservadora? A resposta é não! A direita conservadora não possui uma representatividade efetiva na Câmara federal. São poucos os candidatos que nós elegemos em 2018 que não se bandearam para a oposição, e dos que ficaram, nenhum teria condições de exercer a presidência da Câmara, seja por inexperiência política, já que muitos são deputados de primeiro mandato, seja por falta de apoio entre os deputados, já que o cargo de presidente da Câmara dos Deputados exige uma grande capacidade de articulação e negociação.

A sociedade tinha esperança que, com o término do reinado de Maia, que só travou o governo e deixou caducar inúmeras medidas importantes do governo, as coisas começassem a melhorar, com pautas importantes, como a prisão após a condenação em segunda instância, sendo finalmente desengavetadas e postas para tramitar. Porém, mesmo que a vitória de Arthur Lira se confirme, para o governo dificilmente as coisas sofrerão grandes mudanças. A necessidade de negociação com o Congresso ainda será uma tarefa complicada, já que a mudança na presidência das Casas legislativas não significa a formação de uma maior base de apoio ao governo. Há tempos se tenta formar uma base de apoio mais ampla e consistente, com o presidente Bolsonaro tendo até mesmo se aproximado de partidos do chamado centrão. Mas o governo ainda não tem o apoio de que necessita para que possa implementar o plano de governo aprovado nas urnas em 2018.

Diante do atual cenário político, teremos que nos dar por satisfeitos se Arthur Lira ganhar a eleição e não pautar nenhum pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Embora não existam motivos concretos que justificassem o seu afastamento, todos sabemos que um processo de impeachment é político, não jurídico, e uma vez que tal processo se inicie, não é possível garantir que a maioria dos parlamentares votem de forma consciente, reconhecendo que tal processo seria apenas uma maneira espúria de afastar um presidente legítimo que não cometeu crime algum.

Se conseguirmos manter afastado o fantasma do impeachment, já será um bom resultado nesta sucessão na Câmara. E se conseguirmos desengavetar alguns projetos-chaves e aprová-los, já ficaremos no lucro. O resto é sonhar alto demais. A chance das grandes mudanças já ficou para trás!

Comentários

  1. Assim como em todas as eleições, sempre restam 2 candidatos ruins, com ficha corrida no lugar de currículo, e o vencedor só ganha pela exclusão do pior.
    Haddad ou Dória?
    Crivella ou Freixo?
    E la nave vá...

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    Respostas
    1. Muito obrigado por ler e comentar!
      Infelizmente nossas eleições sempre são para escolher os menos piores, e não os melhores! Temos que nos esforçar para mudar esta situação, pelo bem do país!

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