Huawei participará do leilão do 5G no Brasil

 


A Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) divulgou o edital com as regras para a realização do leilão que permitirá a implantação da rede de comunicação de quinta geração (5G) no Brasil. Havia a expectativa que as regras fossem elaboradas de forma a barrar a participação da empresa chinesa Huawei, devido às suspeitas de que o governo comunista chinês utilizasse os equipamentos fornecidos pela empresa para ter acesso e espionar os dados que trafegam na rede 5G. Além disso havia a postura do ex-presidente americano Donald Trump, que ameaçava restringir relações com os países que utilizassem os equipamentos da empresa chinesa, alegando para isso a segurança nacional americana. Mais que uma questão ideológica, como querem fazer parecer alguns analistas, a adoção pelo governo brasileiro de uma postura diplomaticamente mais próxima ao governo americano, o colocou na situação de ter que barrar a empresa chinesa no leilão 5G para não sofrer nenhum tipo de restrição por parte dos americanos.

Com a mudança no governo americano, a postura mais dura em relação aos países que decidirem utilizar os produtos Huawei deverá ser posta de lado. Some-se a isto o recente problema envolvendo a liberação de insumos chineses para a fabricação de vacinas contra a Covid-19, e poderemos entender a mudança de postura do governo brasileiro e os termos do edital, que não restringirão a participação de nenhuma empresa.

Já que a possibilidade de atrito com o governo americano diminuiu, e com a necessidade urgente de vacinar a nossa enorme população, o governo brasileiro precisou adotar uma postura mais pragmática neste assunto. Porém, as suspeitas a respeito da possibilidade de espionagem por parte da Huawei não foram descartadas. Vale lembrar que a Huawei não operará diretamente as redes 5G, nem será o governo quem irá adquirir tais equipamentos. Caso seja vencedora do leilão, a Huawei apenas fornecerá os equipamentos que as atuais operadoras de telefonia, que atuam no Brasil, necessitarão para a implantação da infraestrutura física da nova rede.

Muitas pessoas acreditam que houve uma chantagem vinda do governo chinês, para que a liberação dos insumos para as vacinas ocorresse. A participação da empresa Huawei no leilão, que deve ser realizado em junho deste ano, pode ter sido a moeda de troca. Embora as suspeitas sejam muito fortes, diante dos fatos públicos, não posso afirmar que houve tal chantagem junto ao nosso governo, embora pessoalmente ache muito provável que tenha ocorrido.

Agora só nos resta trabalhar para que a Huawei não seja a empresa vencedora do leilão, e trabalhar para minimizar qualquer possibilidade de espionagem e furto de dados. Mas devemos permanecer atentos e acompanhar com muita atenção os desdobramentos desta história.

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