Irã admite que abateu avião ucraniano por engano!

 

No artigo anterior, escrevi a respeito do ataque americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani, terrorista líder da Força Quds, unidade militar ligada à Guarda Revolucionária Islâmica, braço armado do regime teocrático iraniano. Na ocasião, o governo iraniano havia prometido que vingaria a morte de Soleimani, e todos já esperavam algum tipo de retaliação por parte do Irã contra alvos americanos.

De fato, tal retaliação ocorreu no dia 8 de janeiro, quando mísseis iranianos atingiram duas bases aéreas iraquianas que abrigam tropas dos Estados Unidos. Não há relatos de vítimas, e embora o mundo temesse por uma escalada nas ações militares, tanto os Estados Unidos, como o Irã, pareceram dar o assunto por encerrado, pelo menos por enquanto. Os Estados Unidos consideraram que o ataque de retaliação foi proporcional ao ataque que matou o general Soleimani, não havendo necessidade de novos ataques, embora Washington tenha adotado sanções econômicas contra cidadãos e empresas iranianas. Oficialmente o assunto esfriou, mas sabemos que o regime iraniano age também por meio de grupos terroristas, e por isso os governos ocidentais estão em alerta contra possíveis atentados terroristas contra alvos americanos.

Horas após o ataque de retaliação iraniano, a imprensa relatou a queda de um boeing 737-800 da empresa Ukraine International Airlines, que fazia a rota de Teerã a Kiev, capital da Ucrânia. O avião caiu instantes após decolar do aeroporto Imã Khomeini, nos arredores de Teerã. Todas as 176 pessoas a bordo morreram. Havia pessoas de sete nacionalidades diferentes entre os passageiros, sendo que a maioria, 82 pessoas, eram iranianas.

As autoridades iranianas responsáveis pelas investigações das causas do acidente não aceitaram enviar as caixas-pretas do avião para serem analisadas nos Estados Unidos, onde fica a sede da Boeing, fabricante da aeronave. Isto levantou suspeitas e logo após a divulgação da queda da aeronave, começaram a circulam notícias de que o governo iraniano estava envolvido no "acidente". E pouco tempo após a queda do avião, serviços de inteligência de vários países passaram a afirmar que a queda do avião não foi acidental, e que a aeronave teria sido abatida por mísseis iranianos de fabricação russa.

Após negar inicialmente qualquer envolvimento com a queda do avião ucraniano, e após intensa pressão internacional, o governo iraniano finalmente reconheceu, neste sábado 11 de janeiro, que o avião foi abatido por "engano" devido a um erro humano. O comunicado foi lido na TV estatal iraniana, e o presidente Hassen Rouhani classificou o incidente como "erro imperdoável". Segundo informações divulgadas pela imprensa mundial, o avião estaria voando próximo a uma área de segurança pertencente à Guarda Revolucionária Islâmica e teria sido confundido com uma aeronave militar, o que levou militares a abaterem o avião, mesmo sem terem a confirmação de ser ou não um avião militar.

Diante deste erro grotesco reconhecido pelo próprio governo, os cidadãos iranianos foram às ruas aos milhares, pedindo a renúncia do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Infelizmente temos poucas informações a respeito dos protestos, pois a grande mídia internacional não está dando cobertura jornalística aos protestos, que estão sendo divulgados pela Al Jazeera, emissora do Catar, considerada a mais importante emissora de TV do mundo árabe. A morte de Soleimani, que era o número dois do regime iraniano enfraqueceu o regime, e este ataque a um alvo civil enfraqueceu ainda mais o governo. Se tudo isto vai levar à queda do regime teocrático iraniano, ainda é cedo para sabermos.

Além de triste, o infeliz ataque acidental a este avião civil aumenta a minha preocupação com o programa nuclear iraniano e com a força que terroristas tem no país. Alega-se que um erro humano causou o ataque com mísseis. Que tipo de governo e de forças armadas não consegue ter controle sobre os seus membros, permitindo que ajam por conta própria? Não teria sido prudente ter fechado o espaço aéreo, ao menos temporariamente, logo após os ataques de retaliação contra as bases aéreas iraquianas? Ou será que mantiveram o espaço aéreo aberto propositalmente, já que o abate da aeronave podia fazer parte de um plano orquestrado para incriminar os Estados Unidos e justificar mais retaliações? Além disso fica claro para mim que o governo iraniano não deve ter controle sobre as forças terroristas que ele apoia mundo afora. E como ficaria um arsenal nuclear nas mãos de um governo como este?

Se o regime vai cair ou não é difícil dizer, como já mencionei. Mas acho a situação temerária e concordo com o presidente Donald Trump que afirmou que o Irã jamais terá uma bomba atômica. Realmente os esforços iranianos para obter a bomba devem ser contidos de todas as formas possíveis. Esta história ainda terá muitos desdobramentos, vamos acompanhar tudo com muita atenção!


Comentários

  1. O principal motivo para se impedir que o Irã possua armas nucleares é o seguinte: o fanatismo religioso não conhece limites humanitários.

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    1. É verdade, e quem usa o terrorismo como arma política não pode botar as mãos em armas deste tipo!

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