As eleições presidenciais de 2022 - Parte 1
No início de janeiro de 2019, há
quase quatro anos, eu dei início a este blog com uma série de artigos
intitulada "As eleições presidenciais de 2018", onde pretendi
explicar aos leitores os motivos que me levaram a criar este blog e relatei a
minha primeira experiência eleitoral em décadas.
Passado todo este tempo e agora que
as eleições de 2022 passaram (apesar de todas as incertezas quanto ao que virá
pela frente) resolvi escrever a respeito da experiência que foi voltar a votar
aqui no Brasil. Pra quem não sabe, em 2018 eu ainda morava no Japão, onde
fiquei até setembro de 2020.
O primeiro passo para poder
participar do processo eleitoral foi solicitar à Justiça Eleitoral a
transferência do meu domicílio eleitoral de volta para o Brasil, o que fiz de
forma simples através da internet, tendo resolvido tudo em apenas três dias.
Dada a conhecida burocracia brasileira achei que foi bem fácil e rápido.
Devidamente habilitado a participar
da escolha do presidente da República, do governador, deputados federal e estadual
e senador, parti para a busca de informações a respeito dos candidatos que
aparentemente estavam mais próximos ao que considero o ideal. Eu ainda tinha
viva na lembrança a experiência com os traidores que se aproveitaram da boa-fé
dos eleitores nas eleições de 2018, embora naquele momento eu tenha escolhido
apenas o presidente já que os residentes no exterior não votam para os demais
cargos.
Dei preferência para os candidatos
indicados e abertamente apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, com a esperança
de formarmos, desta vez, uma base de apoio sólida tanto no Congresso Nacional
como nos estados.
Eu moro no estado de São Paulo, que
foi governado durante décadas pelo PSDB, o que nos dava a falsa sensação de
segurança por não termos sido governados pelo PT mas sem sabermos que eram
farinha do mesmo saco. O governo Dória foi um verdadeiro desastre e por isso
precisávamos garantir que o futuro governador trabalhasse de fato pelas pessoas
e pelo estado, alinhado com o governo federal comandado por Bolsonaro.
Não havia nome melhor que o do
ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes de Freitas. Ao longo dos últimos
anos pude acompanhar a sua trajetória e seu trabalho sério e intenso em prol da
infraestrutura do país, que melhorou a olhos vistos. Uma agenda virtuosa e
altamente profissional abriu as portal do país ao capital privado, que sentiu a
segurança necessária para investir bilhões de reais em obras pelo país afora.
Acreditei e acredito que era de fato o candidato ideal para assumir o governo
do estado mais rico e industrializado do país e assim potencializar todas as
oportunidades para que pudéssemos crescer e gerar prosperidade a todos. Se São
Paulo vai bem, o Brasil vai bem também.
Para o Senado Federal, instituição
que vem pecando há anos por não cumprir as suas atribuições constitucionais no
sistema de pesos e contrapesos que visa, ao menos em teoria, garantir a
independência e a harmonia entre os três poderes da república, segui a
indicação do presidente Bolsonaro e escolhi o astronauta Marcos Pontes,
ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações. Confesso que, mesmo tendo sido
indicado pelo presidente, ainda tenho o pé atrás em relação a ele, não por sua
competência ou caráter mas porque não sei exatamente qual é o posicionamento
dele em relação a pautas que nos são caras, como a proibição do aborto, a
ideologia de gênero, o impeachment de ministros do STF e outras pautas
importantes que deverão passar pela análise do Senado. Ainda assim confiei o
meu voto a ele, motivado pela confiança naquele que o conhece melhor do que eu,
no caso o presidente Bolsonaro.
Para deputados federal e estadual
haviam muitas opções de bons nomes, fiz
as minhas escolhas e espero não me arrepender.
Foi bonita a campanha, achei um
verdadeiro privilégio poder acompanhar tudo de perto, pois a última campanha
política que eu tinha visto aqui no Brasil tinha sido a de 1994. Naquela época
não tínhamos a consciência política que temos hoje. Foi bonito ver pessoas de
todas as idades nas ruas defendendo não apenas os seus candidatos mas, acima de
tudo, defendendo os seus valores e um Brasil melhor. Defendendo também o legado
de um governo que em quatro anos fez mais pelo país do que todos os governos
anteriores mesmo enfrentando uma pandemia e uma guerra que trouxe
desdobramentos que nos afetaram diretamente.
Votei aqui perto de casa numa escola
com recursos de acessibilidade, dada a minha condição de deficiente visual. Foi
tudo muito rápido e organizado, não enfrentei filas e os mesários e demais voluntários
estavam preparados para lidar com pessoas com deficiência. Usei a urna
eletrônica com um fone de ouvido para ouvir as instruções sonoras e para
garantir a privacidade necessária para que o sigilo de voto fosse respeitado.
Eu esperava que houvesse o segundo
turno. Embora tivesse a esperança de ter tudo resolvido no primeiro turno,
sabia que o sistema e o establishment dificilmente entregariam tudo assim tão
facilmente, por mais que as ruas mostrassem uma clara e inequívoca vantagem
para Bolsonaro. Sua reeleição parecia algo que se concretizaria de forma
relativamente tranquila se considerássemos apenas a vontade popular. Mas infelizmente a vontade popular nada vale
neste país...
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