As eleições presidenciais de 2022 - Parte 2

 



O 2º Turno

 

Como mencionei no artigo anterior, eu achava que ocorreria um segundo turno entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidiário descondenado, mesmo com uma esperança de que tudo se resolvesse no primeiro turno. Como esperado, a disputa pela Presidência da República foi para o segundo turno com os candidatos já mencionados.

Logo após o anúncio oficial do resultado do primeiro turno feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), testemunhamos políticos que passaram a campanha toda do primeiro turno atacando o candidato do PT rapidamente declarando apoio a ele no segundo turno. Claro que tal apoio não seria de graça, já que todos estavam de olho num naco do Estado brasileiro, que voltaria a ser dividido entre os políticos caso o candidato petista voltasse ao poder. Voltaria o velho toma-lá-dá-cá.

Os dias de campanha foram intensos, tanto para o presidente Bolsonaro como para seus apoiadores. A grande tarefa era "virar votos", conquistando votos de candidatos derrotados no primeiro turno e até mesmo conseguindo que votantes do PT mudassem seu voto. O presidente fez uma maratona de entrevistas para programas de TV, de rádio, canais no YouTube e podcasts. Sempre com o objetivo de levar informações verdadeiras às pessoas, desfazendo quase quatro anos de mentiras veiculadas pela velha mídia e mostrando os feitos de seu governo que a maior parte da imprensa se recusou a mostrar.

Era sabido que muitas pessoas tinham aversão por Bolsonaro por conta de muitas das suas declarações. O presidente, sempre sincero e espontâneo, muitas vezes fez declarações que foram mal recebidas ou erroneamente interpretadas pelas pessoas e agora era necessário um trabalho para mostrar a todos que o presidente não é e nunca foi o homem insensível que muitos acreditaram ser. Embora eu saiba que muitas das suas falas foram distorcidas, eu acredito que algumas delas poderiam ter sido evitadas.

Toda a militância de direita e os conservadores fizeram um trabalho árduo nas ruas, nas redes sociais e através das mídias independentes para tentar desfazer as narrativas da velha imprensa junto à opinião pública. Nas ruas, aqui no bairro onde moro, eu sempre ouvia as pessoas conversando sobre política e a maioria esmagadora apoiava o presidente Bolsonaro e se mostrava ciente tanto dos males do petismo como da manipulação midiática. Parecia que o povo finalmente estava imune a ataques ideológicos vindos da esquerda e as ruas mostravam que o apoio a Bolsonaro era maciço. A maioria dos cidadãos comuns parecia conseguir enxergar as virtudes do governo Bolsonaro.

No dia da votação do segundo turno me dirigi novamente à escola onde tinha votado antes. No primeiro turno eu pensei em usar uma camiseta com as cores verde e amarela mas tive receio de ter algum problema, já que por eu ser deficiente visual acabo me tornando alvo fácil para agressores. Porém, no dia da votação do segundo turno resolvi usar uma camiseta verde com detalhes em amarelo, com a frase "Ore pelo Brasil" escrita em amarelo, na frente. Resolvi correr o risco já que o clima no bairro parecia tranquilo e a maioria esmagadora dos moradores é apoiadora do presidente.

No caminho até a escola encontrei muitas pessoas com a camisa da seleção brasileira e cheguei sem incidentes, votei tranquilamente como no primeiro turno.

No trajeto de volta, ao passar em frente a uma casa onde havia várias pessoas reunidas conversando animadamente, todas com a mesma camisa da seleção brasileira, um deles se aproximou e me perguntou: "E aí, patriota, vai votar?", "Já votei!", respondi. "O Brasil vai vencer!" foi o que ouvi de volta!

Tudo se desenhava para uma vitória da direita e pela permanência de Bolsonaro por mais quatro anos à frente do governo. Os anos anteriores foram difíceis e em meio a tantas dificuldades o plantio foi feito e agora chegaria a hora de colher os frutos de tanto esforço e sacrifício. Mas esse sentimento só durou até o início da apuração dos votos.

À medida que a contagem avançava, eu sentia o meu coração apertar mais e aquela tranquilidade anterior deu lugar à apreensão. Quando o candidato petista passou à frente na apuração, fui tomado por um sentimento de incredulidade que perdurou por muito tempo mesmo após o anúncio oficial da vitória da esquerda.

Depois de tudo o que eu vi e ouvi nas ruas, de todas as imensas manifestações feitas pelos patriotas, não dava pra entender como essa massa gigantesca tinha sido derrotada nas urnas por aqueles que já tinham destruído o país no passado e prometiam repetir tudo caso voltassem ao poder, e cujo candidato sequer tinha a coragem de sair na rua. O pior de tudo foi constatar que os candidatos apoiados por Bolsonaro para os governos estaduais, para a Câmara e o Senado, foram eleitos em sua maioria. Quase todos eleitos menos aquele que os indicou. Não tinha lógica nenhuma nisso tudo!

E foi assim que terminei aquele domingo 30 de outubro de 2022: profundamente triste, arrasado e sem saber o que esperar do futuro. Minha oração naquele dia se resumiu a uma pergunta: "Por que, meu Deus?".

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