Quem lacra não lucra, não aprenderam ainda?
A expressão "quem lacra não lucra" surgiu depois que grandes empresas, influenciadas por seus marqueteiros progressistas de cabelos coloridos, passaram a querer influenciar o comportamento dos seus clientes, não o comportamento de consumo, mas o comportamento social, através da associação de suas marcas a determinadas pautas. Na maioria das vezes, são pautas progressistas, que atacam diretamente os valores da maioria da população, e atendem demandas de grupos minoritários.
O que mais
me impressiona nestas ações de marketing empresarial, é que as grandes empresas
investem milhões em campanhas publicitárias que atendem apenas grupos
minoritários, defendendo posturas contrárias às da maioria da população. Será
que realmente vale a pena tal postura por parte das empresas?
Creio que
até certo tempo atrás era vantajoso sim. Pois o consumidor brasileiro tinha um
perfil bem diferente do que tem hoje. Havia uma fidelidade a certas marcas,
mesmo com seus produtos/serviços sendo mais caros que os da concorrência, como
se o nome ou a marca fossem garantias de qualidade. Aprendemos que não são!
Hoje, mais
que os preços e a qualidade de produtos e serviços, as pessoas também estão
atentas ao comportamento empresarial em relação a certas pautas. Empresas que
se mostram preocupadas com o meio ambiente, por exemplo, tendem a chamar mais a
atenção do consumidor, que tem interesse em adquirir produtos que são produzidos
de forma sustentável. Certas posturas empresariais tem um resultado positivo,
tanto para a empresa, como para o consumidor.
O problema
se dá quando as empresas param de se preocupar com as suas práticas de
negócios, e passam a querer dizer o que as pessoas devem pensar ou como devem
agir em relação a certas pautas. As pautas minoritárias, como a da militância
LGBTQIA+, que envolve ideologia de gênero e linguagem neutra, são um bom exemplo
de questões que não deveriam servir de guias para aqueles que são responsáveis
pela publicidade das empresas.
Essencialmente,
a publicidade deveria focar no produto ou serviço oferecido pela empresa,
apresentando argumentos para tentar convencer o consumidor a adquirir este
produto ou utilizar este serviço. Existem várias técnicas utilizadas pelos
profissionais de marketing com este objetivo, desde as mais simples, até
aquelas que tentam influenciar a atitude de compra do consumidor de forma
intelectualmente desonesta.
E é o que
temos visto acontecer na maioria das propagandas que vemos hoje em dia. Mais
que vender um produto ou serviço, as propagandas querem vender conceitos,
querem que o consumidor se sinta associado também aos valores presentes nas
propagandas e tentam convencê-lo que, pensar diferente do que é exposto, não é
bom!
Mas quem as
empresas pensam que são para nos dizer o que é bom ou não para nós,
consumidores? Não cabe às empresas o papel de tutoras das pessoas. Ao agir
desta maneira, as empresas estão se tornando arrogantes, como se fossem as
senhoras da razão, e estão agindo como se os seus clientes e consumidores
fossem pessoas incapazes de pensar, avaliar e adotar os conceitos que lhes
forem mais convenientes. Em resumo, as empresas pensam que a maioria das
pessoas são burras e que é necessário que elas venham "esclarecer" a
sociedade. Mas falta a estas empresas fazerem a si mesmas a seguinte pergunta:
seus clientes precisam, ou querem, ser direcionados por elas? E mais algumas
perguntas: o direcionamento dado pelas empresas é o que as pessoas querem
seguir? Os valores defendidos pela empresa são os mesmos dos seus clientes?
O recente
exemplo da reação do agronegócio a uma propaganda do Bradesco ilustra bem esta questão!
Certamente nenhum brasileiro se colocaria contra a preservação do meio
ambiente. Mas ao invés do banco mostrar quais são as suas práticas para ser uma
empresa sustentável, quais as providências que têm tomado para ser uma empresa
mais verde e com emissão zero de carbono, o Bradesco resolveu dizer o que VOCÊ
deve fazer! E fez isto da pior maneira possível!
Num país
cuja economia depende do agronegócio, e que ainda possui insegurança alimentar,
com muita gente ainda tendo dificuldade de consumir a quantidade mínima diária
de alimentos para ter uma vida saudável, o Bradesco achou boa ideia dizer às
pessoas que diminuíssem o consumo de carne, aderindo à segunda-feira sem carne.
Mas será que o brasileiro come tanta carne assim? A mensagem do Bradesco passou
a ideia que a maioria dos brasileiros come carne diariamente.
O que os
responsáveis pela campanha publicitária esqueceram (ou ignoram) é que o
brasileiro não come tanta carne assim. Por conta dos preços, muitas pessoas
precisam buscar outras fontes de proteína, mais acessíveis. A realidade das
ruas é diferente daquela onde os marqueteiros vivem!
Mas ainda
pior que a campanha ser feita ignorando dados importantes da vida real, é a
constatação que o próprio banco parece ignorar a realidade dos seus clientes.
Alguns profissionais progressistas terem uma visão distorcida de mundo é
esperado, mas a direção de uma empresa do porte do Bradesco compartilhar desta
mesma visão míope, é inaceitável.
E mais
inaceitável ainda é o banco agir contra um setor essencial da nossa economia, e
que certamente gerava muitos lucros ao banco. A debandada dos clientes ligados
ao agronegócio mostrou que esta campanha publicitária foi um verdadeiro tiro de
bazuca no pé.
O boicote
de clientes que nada têm a ver com o agronegócio também mostra que os clientes
não querem lidar com empresas lacradoras. O brasileiro médio quer consumir produtos
e serviços, de preferência fornecidos por empresas que respeitem os seus
valores pessoais. O consumidor brasileiro não quer empresas bancando as babás,
o consumidor brasileiro quer ser respeitado. E a melhor maneira de respeitar o
consumidor é através de produtos e serviços de boa qualidade, oferecidos por
preços acessíveis. O consumidor brasileiro aprendeu a usar sua mais poderosa
arma: o boicote!
Quando
entramos em um estabelecimento em busca de um produto ou serviço, nós não
precisamos que nos digam como agir, nem que julguem como pensamos. Não é para
isto que as empresas são criadas. Elas devem se concentrar em produzir bons
produtos, ou oferecer bons serviços, que não agridam o meio ambiente e tenham
um preço competitivo e acessível ao maior número possível de consumidores. O
que estes consumidores pensam em relação a certas pautas não é problema destas
empresas. É algo que diz respeito apenas a cada indivíduo.
Quando as
empresas vão perceber que se dependerem da minoria barulhenta, elas irão à
falência? Quando as empresas irão entender que a maioria dos seus consumidores
é silenciosa, e não histérica como a minoria? Quando estas empresas vão
entender que a maioria silenciosa é zelosa de seus valores, e que combatê-los é
prejuízo certo? Quando estas empresas vão entender que focar nestas pautas
progressistas é investir num nicho, e ignorar o grande mercado consumidor?
O que
ocorreu com o Bradesco não foi a primeira e nem será a última tentativa de nos
empurrar goela abaixo valores diferentes daqueles que adotamos e defendemos.
Isto porque é este tipo de profissional de marketing que as nossas
universidades estão produzindo em profusão. Infelizmente teremos que continuar
combatendo este tipo de gente. A menos que as empresas acordem e que o medo dos
prejuízos imensos as façam se reaproximar dos seus consumidores e a valorizar o
que pensam aqueles que sustentam os seus negócios. O futuro dirá!
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